Topo

Esse conteúdo é antigo

Queiroz oferece 'contato com cúpula de cima' em mensagem, diz jornal

Queiroz, de boné, chega ao IML (Instituto Médico Legal) em São Paulo após ser preso em Atibaia - Nelson Almeida/AFP
Queiroz, de boné, chega ao IML (Instituto Médico Legal) em São Paulo após ser preso em Atibaia Imagem: Nelson Almeida/AFP

Do UOL, em São Paulo

19/06/2020 08h50

O ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) Fabrício Queiroz, preso ontem, ainda oferecia "contato com a cúpula de cima" em uma mensagem enviada em outubro do ano passado, um ano após ser exonerado das suas funções no gabinete de Flávio, filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e à época deputado estadual pelo Rio de Janeiro.

Segundo a coluna de Bela Megale no jornal O Globo, a mensagem está anexada na decisão do juiz Flavio Itabaiana. O magistrado do Tribunal de Justiça do Rio foi quem autorizou a prisão preventiva de Queiroz, realizada ontem em Atibaia, cidade do interior paulista. O ex-assessor de Flávio estava num imóvel que pertence a Frederick Wassef, advogado do senador e do presidente.

"Avisa pro doutor aí, cara, se quiser algum contato pessoal aí, com... a cúpula de cima, faz contato, valeu? Dá para encaminhar", disse Queiroz na mensagem, indicando que ainda mantinha sua influência política. De acordo com a coluna, a mensagem foi enviada a uma pessoa chamada Heyder.

A mensagem não é o primeiro indício divulgado de que Queiroz mantinha contatos políticos mesmo após sua exoneração. Em outubro do ano passado, o jornal O Globo revelou um áudio em que o ex-assessor respondia a uma consulta sobre nomeações no Legislativo.

"Tem mais de 500 cargos lá, cara, na Câmara, no Senado... Pode indicar para qualquer comissão, alguma coisa, sem vincular a eles [família Bolsonaro] em nada. Vinte continho pra gente caía bem, pra c..., caía bem pra c... Não precisa vincular a um nome", disse Queiroz em áudio enviado pelo WhatsApp para um destinatário desconhecido, em junho de 2019.

"Pô, cara, o gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores lá, pessoal pra conversar com ele. Faz fila. P..., é só chegar, meu irmão: 'Nomeia fulano aí, para trabalhar contigo'. Salariozinho bom desse aí, cara, pra gente que é pai de família, p..., cai como uma uva (sic)", completou o ex-assessor na mensagem de áudio.

Queiroz começou a ser investigado ainda em 2018, quando um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontou movimentações financeiras atípicas dele. Ele é policial reformado e amigo pessoal do presidente Bolsonaro desde 1984.

A principal suspeita das investigações é de que ele participava de um esquema de "rachadinha", no qual servidores devolvem parte do salário ao gabinete do parlamentar que os contrata. Ele teria feito a prática ilegal enquanto era assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.