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Ato pró-governo em Brasília tem 'via crúcis bolsonarista' e crítica ao STF

Hanrrikson de Andrade*

Do UOL, em Brasília

21/06/2020 10h50

Um ato a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) realizado na manhã de hoje em Brasília fez críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal), pediu o impeachment do ministro da corte Alexandre de Moraes e rivalizou com um protesto convocado por torcidas organizadas de clubes de futebol que são contra o governo.

As duas manifestações ocorrem no mesmo local, porém uma de cada lado da Esplanada dos Ministérios. A Polícia Militar realizou um amplo esquema de segurança e revistou todas as pessoas que se aproximam da concentração, inclusive jornalistas. Até a publicação desta reportagem, os dois atos ocorriam de forma pacífica.

Com uma réplica em grandes proporções de uma cruz, símbolo cristão, bolsonaristas simularam uma "via crúcis" em defesa de Bolsonaro. O tom religioso foi constante durante o protesto. O trio elétrico que guiou a manifestação também exibia uma cruz e a mensagem "Jesus. A paz que liberta".

intervencao militar - Adriano Wilkson - Adriano Wilkson
Imagem: Adriano Wilkson
Diferentemente de atos anteriores em favor de Bolsonaro, não foi possível observar com facilidade faixas e cartazes dando voz a pautas antidemocráticas, como fechamento do STF e do Congresso. Porém, antes das movimentações, alguns cartazes com os dizerem "Intervenção militar com Bolsonaro no poder", "Intervenção militar já" e "Nova constituição anticomunista" foram flagrados pela reportagem.

Nem o presidente, nem nenhum representante do governo compareceu ao ato até a publicação desse texto.

Apoiadores do presidente Jair Bolsonao simulam uma via crúcis durante ato em Brasília - Hanrrikson Andrade/UOL - Hanrrikson Andrade/UOL
Apoiadores do presidente Bolsonaro simulam uma via crúcis durante ato em Brasília
Imagem: Hanrrikson Andrade/UOL

Os manifestantes carregam mensagens como "Supremo é o povo" e letreiros com pedidos de impeachment de Moraes, ministro que se tornou desafeto do presidente da República, e do chefe do Congresso, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Do carro de som, também não houve, no início do ato, qualquer exaltação a mensagem antidemocrática. No entanto, em um dado momento, um homem fez uma homenagem a um militar que, segundo ele, foi "assassinado por comunistas" durante a ditadura, iniciada em 1964.

O mesmo homem chamou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) de "terrorista", assim como o ministro do Supremo Ricardo Lewandowski. Na sequência, pediu um toque militar em homenagem ao paraquedista que morreu ontem em um salto no Rio de Janeiro. Na manhã de hoje, Bolsonaro viajou à capital fluminense para acompanhar o enterro.

*Com colaboração de Adriano Wilkson.