Sem Bolsonaro, Brasília é palco de atos rivais com intervenção policial
Protestos contra e a favor do governo levaram hoje centenas de pessoas à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, o que exigiu da Polícia Militar do Distrito Federal intervenções antes e durante os atos.
Enquanto manifestantes rivais, separados pela cavalaria da PM, duelavam à distância nos arredores do Congresso Nacional, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se deslocava ao Rio para o velório de um soldado do Exército que morreu ontem, no decorrer de um treinamento paraquedista.
Com a viagem de última hora, Bolsonaro não pôde saudar seus apoiadores, algo que ele costumava fazer aos domingos em Brasília mesmo com a pandemia do coronavírus.
Recentemente, no entanto, o mandatário tem procurado se expor menos. Entre os motivos está o avanço de dois inquéritos do STF (Supremo Tribunal Federal), um que investiga produção e disseminação de fake news e o outro, referente a protestos com pautas antidemocráticas organizados por bolsonaristas. Ambos afetam diretamente a estabilidade do governo.
Na última semana, Bolsonaro ganhou mais uma dor de cabeça com a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). O detido foi localizado em um imóvel pertencente a um dos advogados do presidente, Frederick Wassef.
De acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro, que lidera a investigação, Queiroz atuava como laranja de Flávio à época em que ele era deputado estadual (entre 2007 e 2018). Conhecido como "rachadinha", o esquema funcionava com desvio de parte dos salários de funcionários fantasmas lotados no gabinete, segundo o MP.
Durante o velório do paraquedista morto ontem, o chefe do Executivo cumprimentou amigos e familiares na cerimônia realizada na Vila Militar, na zona oeste carioca. Na saída, pressionado pelos fatos em evidência no noticiário, ele evitou contato com os jornalistas e permaneceu em silêncio.
A ida de Bolsonaro ao enterro não estava na agenda oficial do presidente disponível hoje e não foi divulgada pela assessoria de imprensa da Presidência. Ele voltou para Brasília às 11h45.
Cavalaria entra em ação
No momento em que os protestos de hoje se aproximaram, a Polícia Militar do Distrito Federal acionou a cavalaria e improvisou um cordão de isolamento. Houve provocações de parte a parte e breve momento de tensão entre os manifestantes favoráveis e contrários ao governo.
Os dois atos tiveram praticamente o mesmo volume. A PM não informou se divulgaria ou não o número de pessoas que passaram pela Esplanada. Não houve registro de confusão ou tumulto.
A PM não permitiu que as mobilizações rivais tivessem o mesmo trajeto. Ambos começaram por volta do mesmo horário, com concentração entre 9h e 10h, e marcharam em direção ao Congresso Nacional.
Em cumprimento ao esquema de segurança, os policiais fizeram barreiras de revista e apreenderam mastros, canos utilizados para erguer bandeiras e outros objetos. O carro de som do ato bolsonarista foi retido e não pôde se deslocar junto ao público.
Entre as pautas do protesto pró-governo, predominaram o tom religioso e as críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal). Com uma réplica em grandes proporções de uma cruz, símbolo cristão, apoiadores simularam uma via crúcis em defesa do presidente da República. O carro de som exibia uma cruz e a mensagem "Jesus. A paz que liberta".
Outros pediam o impeachment do ministro da Corte Alexandre de Moraes, que se tornou desafeto de Bolsonaro. Outro alvo foi o chefe do Congresso, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Já a a manifestação que reuniu torcidas de vários clubes brasileiros e movimentos sociais teve faixas e cartazes pedindo democracia e criticando o Executivo por questões relacionadas ao enfrentamento à pandemia do coronavírus.
Além de corintianos e vascaínos, a reportagem do UOL localizou torcedores de Botafogo, Flamengo e do Gama no protesto. Movimentos Sociais contra o racismo e o fascismo, grupos LGBTs e a presidente do PT Gleisi Hoffmann também participaram do ato na Esplanada dos Ministérios.
Antes do protesto, o grupo chamado "Somos Democracia", dirigiu-se ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por meio de uma carta. Eles esperavam entregar o documento ao parlamentar.
"Não é admissível conviver com tamanha crueldade e irresponsabilidade de um governo que - sequer - respeita a diplomacia entre as instituições e costuma desrespeitar os poderes, as autoridades e o próprio congresso nacional. Bolsonaro passa dos limites diariamente, entrevistas que debocham das pessoas mortas pelo covid-19, sem ministro da saúde e sem estratégia para conter o avanço do vírus no Brasil", diz um trecho do documento.
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