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Mourão defende apoio do centrão para evitar "eterna queda de braço"

O presidente Jair Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão durante cerimônia alusiva ao Dia Internacional da Mulher - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
O presidente Jair Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão durante cerimônia alusiva ao Dia Internacional da Mulher Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

23/06/2020 00h12

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) citou a dificuldade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e defendeu abertamente o apoio do centrão, bloco formado por um conjunto de partidos políticos que se aliam a governos diferentes e não possuem uma orientação ideológica específica.

"Nenhum presidente, em nenhum sistema democrático, consegue governar sem uma base de apoio no Legislativo. Até porque todas as iniciativas dele serão uma eterna queda de braço entre o Executivo e o Legislativo se não houver essa base", disse Mourão ao "JR Entrevista", da Record, na noite de hoje.

"O presidente buscou estabelecer uma relação por meio das chamadas bancadas temáticas, mas essa linha de ação não deu certo. Perdemos tempo, acho que não fomos felizes com essa estratégia", prosseguiu.

Mourão disse que, diante da dificuldade, Bolsonaro então redirecionou a sua visão e buscou o apoio do centrão. "O governo entendeu que precisa ter esse apoio. Acho que vamos ter uma relação mais eficiente com o Congresso para a aprovação das inúmeras reformas."

"Não deu mais"

Mourão também comentou a demissão do ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, na semana passada, e revelou que o presidente Bolsonaro tentou preservá-lo ao máximo, mas que chegou em um momento e não deu mais.

"O Weintraub foi um apoiador desde a primeira hora na campanha do presidente Bolsonaro. Então, o presidente, naqueles laços de lealdade, tentou preservá-lo ao máximo, mas chegou um momento que não deu mais", disse Mourão.

"Agora, o presidente terá que escolher alguém com conhecimento e que com capacidade de apaziguar essa imagem de que o governo não tem o devido cuidado com a educação", pontuou, em seguida.

Questionado sobre o substituto de Weintraub, Mourão se esquivou. "Eu julgo que existem militares com capacidade no setor educacional, mas eu vejo que o presidente pode colocar um político com conhecimento da área, ou até mesmo um técnico civil também."

Golpe militar, bolsonarismo e chavismo

Hamilton Mourão rechaçou completamente a possibilidade de golpe militar no Brasil e disse que não se pode colocar fatos do passado em pleno século 21.

"Para dar um golpe no Brasil, o cara precisa das forças armadas. Eu não vejo o presidente Bolsonaro pensar em golpe. São fatos do passado. Não adianta você querer colocar fatos de 56 anos atrás em pleno século 21", justificou.

Mourão também reclamou de comparações feitas entre o bolsonarismo e o chavismo, na Venezuela, e que isso chega a ser "leviano".

"Eu vejo um exagero de retórica, comparações entre o bolsonarismo e o chavismo, isso aí chega a ser até leviano colocar comparações dessa forma. Porque o que ocorreu na Venezuela é totalmente diferente. Eu considero que as nossas instituições são sólidas. Às vezes, o pessoal fala em 'instabilidade institucional'. Eu acho que existe muito mais 'instabilidade emocional'. As emoções estão muito à flor da pele", destacou.