Lula pede Estado forte contra pandemia e critica ações de governo federal
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender hoje a presença do Estado no combate à pandemia do novo coronavírus e para reagir ao impacto da doença em questões sociais e econômicas.
Em participação em uma videoconferência da Universidade de Buenos Aires, Lula fez críticas à atuação do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) no Brasil, elogiando o trabalho do presidente da Argentina, Alberto Fernández.
"É o Estado, em última análise, que pode proporcionar os recursos e organizar a sociedade para atravessar este momento muito difícil na história recente da humanidade", disse Lula. "Acho que o que vai salvar a América Latina depois da pandemia é um negócio chamado democracia. Precisamos recuperar a democracia na América Latina, porque a pandemia mostra que o mercado não resolve nada. Quem cuida do povo é o Estado", acrescentou.
Durante sua manifestação em vídeo, Lula não citou Bolsonaro nominalmente. Mas fez reiteradas críticas às ações do governo federal contra a pandemia.
"Quando vejo quantas vidas foram salvas na Argentina, me dói ver meu próprio país desgovernado, com ministros incapazes de agir para proteger nosso povo, e um presidente da República que chega a fazer piada com a tragédia", afirmou o ex-presidente, lembrando as saídas de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich do posto de ministro da Saúde.
"Acho que a pandemia é um fenômeno da natureza. A solução é um problema de quem governa o país. Lamentavelmente, no Brasil, não temos hoje um governo preocupado com a pandemia. O governo brasileiro, nessa crise toda, já trocou três (sic) ministros da Saúde. Agora, há pelo menos 18 militares cuidando da questão da saúde, e nenhum entende de saúde pública."
Elogios à Argentina
Logo no início de sua participação, Lula prestou uma homenagem a vítimas e familiares de vítimas da covid-19 no Brasil e na Argentina. Ao longo de todo o pronunciamento, o ex-presidente brasileiro elogiou Alberto Fernández, destacando a "alta responsabilidade com que vem enfrentando a pandemia".
"Os efeitos da pandemia podem ser menores se tivermos governantes com a coragem e a compreensão do presidente Alberto Fernández. A única razão pela qual existe governo, a única razão pela qual um ser humano honesto e decente quer ser presidente, governador ou prefeito, é cuidar do povo", declarou.
Lula reforçou, em seu discurso, o desejo de ver uma aproximação maior entre os países da América Latina, não apenas para o combate à pandemia, mas também a seus efeitos.
"É um privilégio compartilhar este momento com pessoas que fizeram e continuam fazendo tanto para mudar o mundo, especialmente a nossa querida América Latina. Às vezes penso que viemos ao mundo com essa missão: transformá-lo num lugar melhor, mais humano, mais solidário, menos desigual. Para muitos de nós, que viemos das camadas populares, reconhecemos o sofrimento e a privação, transformar o mundo é uma questão de necessidade", afirmou.
"Não sei como será o mundo depois dessa pandemia. Creio que ninguém sabe. Há apenas uma certeza: países em que o governo pensou primeiro na população, como é o caso da Argentina, sairão desta crise em situação melhor do que os que não pensaram", acrescentou.
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