Mourão minimiza ataques a STF e ação de fake news: "muito barulho por nada"
O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) minimizou, em entrevista para a revista Época, as ameaças que os ministros do STF (Superior Tribunal Federal) sofreram nos últimos meses e motivaram o inquérito das 'fake news' na corte. Na avaliação de Mourão, os ministros "não deveriam levar tão ao pé da letra" o que chamou de críticas.
"Eu acho que não [que os ministros não se sentem ameaçados pelos ataques], porque, por exemplo, crítica em rede social eu sofro aos milhões. É muita crítica. Já me chamaram de boquirroto, de tudo, e eu não me preocupo com isso. Eu acho que os ministros deveriam entender isso e não levar tão ao pé da letra o que as pessoas falam, até porque hoje todo mundo fala o que quer", disse.
O inquérito das fake news apura a disseminação de notícias falsas e ameaças a integrantes da corte. Durante sessão que aprovou a continuidade da investigação, o relator Alexandre de Moraes citou algumas das mensagens que se tornaram alvo do inquérito.
Em uma delas, o ministro leu a publicação de uma advogada do Rio Grande do Sul que falava em estupro de filhas dos ministros do STF. Uma outra publicação se referia a "atirar à queima-roupa" contra os integrantes do tribunal.
Na mesma entrevista à revista Época, Mourão disse que não se preocupa com a investigação sobre o financiamento destes ataques e do possível apoio a protestos antidemocráticos. Operações recentes do inquérito tiveram como alvos empresários que são apoiadores do governo Bolsonaro.
"Isso não me preocupa, até porque os deputados da esquerda também financiavam as manifestações que aconteciam em outros tempos, e ninguém nunca procurou investigar esse troço, achar que era antidemocrático. Acho que a gente está fazendo muito barulho por nada. Isso faz parte da luta política, do pessoal que está inconformado com o estilo do presidente, e aí ficam essas diatribes constantes, que, volto a dizer, não vão nos levar a nada", disse.
"Algumas vezes extrapola seus limites"
Mourão ainda criticou ações recentes do STF dizendo que, em sua opinião, "algumas vezes o Judiciário extrapola seus limites". Questionado diretamente sobre que ações de fato o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) poderia fazer ao dizer frases como "Acabou, porra", o vice-presidente fez uma explanação sobre a sua opinião sobre a competência de cada Poder.
"Em governos anteriores, já havia a crítica às intervenções do Judiciário. Ocorreu com Lula, Dilma e Temer. As críticas sempre ocorreram. Na minha visão, nos últimos 25, 30 anos, o Executivo e o Legislativo foram pontilhados de escândalos, e o Judiciário ficou de fora, e (por isso) acabou aparecendo como aquele Poder capaz de dar a última palavra ou de fazer uma intervenção que coloque as coisas no seu devido lugar. Então o Judiciário assumiu essa situação. Na minha visão, acho que, algumas vezes, o Judiciário extrapola seus limites", disse.
Hamilton Mourão citou dois exemplos de decisões do STF que, para ele, comprovam a sua avaliação: a barração na indicação de Alexandre Ramagem como o diretor-geral da Polícia Federal e a reversão da medida do Executivo de repatriar diplomatas venezuelanos. "São ações em que o Judiciário não precisava se intrometer", disse.
No caso de Ramagem, Mourão avalia que "o presidente tem autonomia para nomear quem ele quiser". "Aí chega um partido político e entra no Judiciário contra uma decisão do presidente, e o Judiciário acaba sendo o quê? Uma linha auxiliar de uma luta política. Porque se o presidente estivesse nomeando para a direção-geral da Polícia Federal alguém que não fosse do ramo, tivesse pego o ascensorista do Planalto e dissesse 'Agora, você vai ser o diretor', ou pegasse e nomeasse algum amigo dele que não fosse da Polícia Federal, aí eu acho que poderia haver uma violação dos princípios da administração pública", disse.
Em relação aos diplomatas venezuelanos, Mourão contestou a justificativa do ministro Luís Roberto Barroso de que a repatriação não poderia ocorrer em meio à pandemia do novo coronavírus,
"Foi um assunto acordado entre os dois países, teriam 60 dias para fazer", disse. "Embarcava os caras num avião da Força Aérea, acertava isso e os largava lá em Caracas, como nós fizemos com os nossos (os diplomatas brasileiros que voltaram antes da Covid para o Brasil)."
Redes sociais
Mourão também explicou o motivo de preferir a publicação de artigos na imprensa do que debater em redes sociais."A questão de Twitter e Facebook é que você fala para a seita. Mas, ao escrever na grande imprensa, você se abre para receber aplausos e apupos. Esta é a realidade. Quando você coloca um arquivo no seu Facebook, quem vai ler é a turma que te segue. (Vão dizer:) 'Ótimo, maravilha'. Mas, (na imprensa) o debate foi colocado", disse.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.