Investigado por fake news diz que governo está abandonando conservadorismo
Investigado no inquérito das fake news, o empresário bolsonarista Otavio Fakhoury afirmou que o que chamam de notícias falsas financiadas por ele são na verdade opiniões criminalizadas.
Em entrevista ao jornal O Globo, Fakhoury admite ter financiado o site conservador Crítica Nacional —também citado no inquérito— e seu apoio a atos antidemocráticos. Diz ainda que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está se afastando do conservadorismo a contragosto do presidente.
Fakhoury admite ter repassado entre R$ 30 mil e R$ 40 mil desde 2016 ao Crítica Nacional. "Eu conheci Paulo Enéas (responsável pelo site) em 2015, ele tinha um blog, gostava de ler os textos dele, me falou que iria montar um portal. Eu falei para montar o portal e me apresentar. Gostei do portal que ele montou. No começo o ajudei, e depois ele começou a navegar por conta própria, hoje tem outras fontes de financiamento", disse.
Sobre o financiamento a atos que pedem o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal), o empresário diz que "a pessoa é livre", não há como "controlar". "Os organizadores com quem a gente colaborou com recurso (…) não usam essa faixa, não vão lá pedir isso. Agora, o cara do lado passa com uma faixa dessa, gritando, você vai fazer o quê? Atirar?"
Para o empresário não houve ocorrência policial nas manifestações que ele apoiou e que por isso é difícil enquadrar o protesto como antidemocrático, apesar das bandeiras.
"Não pode violar patrimônio público, não pode agredir, como vemos nas manifestações do outro lado", compara.
Hoje, ele diz que "ajuda menos" esses grupos financeiramente. "Se eu acho que um veículo merece ajuda, eu vou lá e ajudo. Na minha maneira de ver, não tem crime nenhum em você escrever um editorial crítico sobre ninguém."
Defensor do antigo ministro da Educação, Abraham Weintraub —suspeito de ter fugido para os Estados Unidos para não ser preso depois de críticas a ministros do STF— Fakhoury não acredita em medo de prisão.
"Não tem motivo para prendê-lo. Ele falou que queria prender o ministro do Supremo. Mas desde quando isso é crime? No máximo, podem achar que é injúria. Ameaçar um cara de prisão porque falou uma coisa daquela, ainda mais numa conversa privada, aquilo, sim, é autoritarismo. O que estamos vivendo hoje é pior do que no AI-5", crava.
Segundo o empresário, o governo está ficando menos conservador à medida que a influência do ideólogo Olavo de Carvalho enfraquece.
"Acho que das pessoas de viés conservador no governo sobrou o Filipe Martins, o Ernesto Araújo e um ou outro", diz. "Dentro do Bolsonaro, ele não me parece feliz com essa decisão."
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