Mourão poupa STF, volta a criticar Gilmar e diz: 'Caso está superado'
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), afirmou hoje ao UOL Entrevista que considera superado o incidente com o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Na última semana, Gilmar Mendes fez duras críticas à presença de militares no Ministério da Saúde — que tem o general Eduardo Pazuello interinamente como titular — durante a pandemia do novo coronavírus. Para o ministro, o "vazio" no comando da pasta não é aceitável.
"Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção é preciso se fazer alguma coisa. Isso é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso pôr fim a isso", disse Mendes no dia 11.
Após a declaração, Mourão disse que o ministro "forçou a barra" e cobrou uma retratação. No entanto, em entrevista hoje ao colunista do UOL Tales Faria e a Antonio Temóteo, o vice-presidente adotou um tom ameno e julgou o caso superado.
"O ministro Gilmar Mendes ligou para o ministro Pazuello, eles conversaram. O próprio presidente da República [Jair Bolsonaro, sem partido] orientou o ministro Pazuello a que recebesse a ligação do ministro Gilmar Mendes. Considero que esse assunto está superado", disse Mourão, evitando críticas aos demais ministros do Supremo.
"Não houve um esgarçamento com o Tribunal; houve um embate com um ministro, que desceu do seu pedestal, que tem que se preservar, e não emitir determinadas opiniões sobre uma instituição de Estado usando um termo que não tem nada a ver", acrescentou, em referência à expressão "genocídio" usada pelo ministro.
"Não pode banalizar, principalmente de um ministro com conhecimento de História. A coisa ficou centrada nele, os ministros não entraram nessa briga. Passados mais alguns dias, esse assunto morre e vida que segue."
Novo ministro
O vice-presidente disse, ainda, que Jair Bolsonaro deve escolher o novo titular do Ministério da Saúde tão logo termine a quarentena para recuperar-se da infecção pelo novo coronavírus.
"Pazuello assumiu interinamente e está há dois meses na função. Acredito que em mais um mês, em agosto, Bolsonaro vai retornar da quarentena e analisar outros nomes", afirmou.
Em sua visão, a sociedade "tem que parar de discutir determinados assuntos de forma preconceituosa: o militar é um cidadão como outro qualquer, apenas usa farda e tem um raciocínio cartesiano".
"O Ministério da Saúde tem uns 5 mil funcionários. Tem o Pazuello e militares que não estão em funções técnicas, mas em funções ligadas às áreas de licitações, contratos e à questão da contabilidade, que é a especialidade desse pessoal", afirmou, referindo-se à experiência do general na coordenação logística das tropas nos Jogos Olímpicos de 2016 e na Operação Acolhida, força-tarefa que atuou em Roraima em 2018.
*Texto de Alex Tajra, Emanuel Colombari, Gustavo Setti, Lucas Borges Teixeira e Rofolfo Vicentini; produção de Diego Henrique Carvalho
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