Haddad questiona aumento de investimento na Defesa: Para qual guerra?
Fernando Haddad, candidato do PT nas eleições presidenciais de 2018, questionou o investimento na Defesa. Na semana passada, o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, afirmou que o gasto militar no Brasil "não é condizente à estatura do país".
Um dos objetivos da pasta com a revisão da Estratégia Nacional de Defesa é aumentar o investimento no setor militar de cerca de 1,4% para 2% do PIB (Produto Interno Bruto).
"Eu quero destacar o pedido do Ministério da Defesa para aumentar de 1,3% do PIB para 2% do PIB o orçamento das Forças Armadas. Quando a gente fala isso de 1,3% para 2%, são números muito abstratos. Eu quero falar concretamente: são 0,7% do PIB de mais de R$ 7 trilhões. Ou seja, os militares estão pedindo um orçamento adicional de R$ 50 bilhões por ano. Em 10 anos, isso dá R$ 500 bilhões", disse Haddad na abertura da 22ª Conferência Nacional dos Bancários.
"Vocês lembram como foi que o [Paulo] Guedes [ministro da Economia] vendeu a Reforma da Previdência? Ela foi vendida dizendo que o Estado ia economizar R$ 1 trilhão. Então, metade do que ele diz que ia economizar ele vai gastar com orçamento adicional ao Ministério da Defesa. Eu pergunto: para quê? Para que as Forças Armadas precisam de mais R$ 500 bilhões nos próximos 10 anos, que vai consumir 50% do que o Guedes disse que economizaria com a Reforma da Previdência? Aí o Plano Nacional de Defesa, que vai ser apresentado na semana que vem e que vazou para a imprensa, dá pista do que vai acontecer", acrescentou.
Nesta semana, a Defesa elaborou um documento apontando a possibilidade de crises e tensões no entorno do Brasil. Haddad lembrou da Guerra do Paraguai (1864 - 1870) para questionar qual "tensão militar" envolve o Brasil.
"O governo brasileiro está dizendo que a nossa região deixou de ser pacífica, é uma região imersa em crise e tensões. Aí eu pergunto a vocês: qual é a crise e tensão militar que tem na nossa região da Guerra do Paraguai para cá que envolva o Brasil?", declarou.
Haddad ainda citou a declaração do almirante Craig Faller, que, ao apresentar o militar brasileiro David Almeida Alcoforado, brigadeiro do ar, ao presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, afirmou que "os brasileiros estão pagando para ele vir para cá [EUA] e trabalhar para mim".
"Nós estamos falando de coisas muito concretas: militares que estão servindo ao governo americano, pagos pelo contribuinte brasileiro, e militares bolsonaristas que querem aumentar o orçamento da Defesa, alertando no Plano Nacional de Defesa que visa combater as 'tensões crescentes na região'. Tensões produzidas por quem? Pela situação em que estão os Estados Unidos com a eleição do Trump e com a eleição do Bolsonaro no Brasil. Se tem alguma coisa que representa efetivamente uma ameaça é o Trump nos Estados Unidos e o Bolsonaro no Brasil", disse o ex-candidato à Presidência.
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