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Lula despista sobre 2022, mas diz: 'Eu até gostaria de disputar com o Moro'

Apesar de declarações, ex-presidente afirmou que caberá ao PT escolher candidato em 2022 - Reprodução/YouTube
Apesar de declarações, ex-presidente afirmou que caberá ao PT escolher candidato em 2022 Imagem: Reprodução/YouTube

Do UOL, em São Paulo

31/07/2020 20h58Atualizada em 31/07/2020 21h39

Resumo da notícia

  • Ex-presidente diz não estar preocupado se tiver de enfrentar ex-juiz da Lava Jato nas urnas: "Bolsonaro é que deve estar"
  • Decisão sobre candidatura, contudo, cabe ao PT e aos aliados que construir para 2022
  • Lula afirmou não acreditar que Bolsonaro foi diagnosticado com covid-19 e questionou sua condução no combate à pandemia

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou hoje falar sobre uma possível candidatura à presidência da República nas eleições de 2022. No entanto, em entrevista a rádios da cidade de Feira de Santana, na Bahia, Lula disse que, ao contrário do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), não teria medo de enfrentar Sergio Moro em uma eventual disputa eleitoral.

"Se quiserem lançar o Moro, que lancem; eu não estou preocupado. O Bolsonaro é que deve estar", acrescentou, cobrando do ex-juiz da Lava Jato que "escreva num pedacinho de papel" o motivo de sua condenação. Ele também cita o procurador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, por acusá-lo sem provas em "uma hora e meia de PowerPoint".

"Eu até gostaria de disputar com o Moro. Ter um debate eleitoral cara a cara para chamá-lo de mentiroso na TV sem a proteção da toga. Ele está fazendo tipo — fez no meu processo, sabe que ele mentiu e fez parte desse jogo sujo sujando a história do judiciário brasileiro", afirmou.

"Foram mais 300 horas de Jornal Nacional falando que eu roubei sem direito de resposta. E até hoje estou esperando saber por que razão eu fui condenado", prosseguiu. "Faz dois meses que eu fui inocentado do quadrilhão pela Justiça do Distrito Federal.

Apesar da disposição de participar de um debate com Moro, Lula afirmou que caberá ao PT, e não a ele, decidir quem disputará o pleito em 2022.

"É muito difícil a gente falar da gente mesmo. Vou estar com mais de 70 anos em 2022. Estou me cuidando porque quero viver muito. Quem decide quem é candidato a presidente é o PT e os aliados que construir. Hoje tem muitos nomes, mas teve tempo que só era eu. Quem decide é o partido. Jamais direi que vou ser o candidato. Não posso liderar se as pessoas não quiserem ser lideradas", afirmou, demonstrando gratidão ao partido.

"Sinceramente, acho que o PT já me deu muito. Sair de Caetés (PE) e chegar onde cheguei é porque Deus, o PT e o povo brasileiro foram muito generosos comigo. Se olharmos, não é preciso eu ser mais candidato. Mas, fora do governo, vejo que tem muita coisa para fazer e que não fiz. Tenho certeza de que fui o presidente que mais fez pela inclusão social desse país. O Brasil foi protagonista internacional."

Lula teve a candidatura barrada na eleição de 2018, quando o PT lançou Fernando Haddad, com Manuela d'Ávila (PCdoB) como vice. O ex-presidente disse que uma vitória na época poderia dar início a uma revolução silenciosa no Brasil. A declaração foi uma crítica ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"Se eu ganhasse em 2018, eu ia fazer uma revolução — sem nenhum tiro, silenciosa. O povo não precisa de arma, precisa de educação. É preciso acabar com o ódio disseminado pelo Bolsonaro e pelos milicianos. Queria ser candidato em 2018 para fazer isso: mais jovem nas faculdades, menos criminalidade, quanto mais jovem com comida na mesa, menos criminalidade", afirmou.

Bolsonaro e a covid-19

Lula ainda fez críticas às ações do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus. Com mais declarações direcionadas a Bolsonaro, o ex-presidente criticou a falta de diálogo com demais políticos e a insistência no debate envolvendo a hidroxicloroquina contra a covid-19.

"Só vamos conseguir resolver quando tiver a vacina e só vamos conseguir experimentar ano que vem. Quando você tem um presidente que, em vez de de estimular se cuidar, estimula ir para a rua, abrir ao comércio e não se cuidar... Quando não tem remédio, o melhor remédio é se precaver e ficar no isolamento", disse.

"Se precisa trabalhar, precisa ter álcool em gel, uma máscara. O presidente estimula a desobediência porque ele acha que é dono da empresa da cloroquina. A ciência mundial está dizendo que não serve para curar o coronavírus", acrescentou Lula, que afirmou não acreditar que Bolsonaro foi diagnosticado com covid-19.

Elogios ao PT da Bahia

O ex-presidente aproveitou a coletiva para elogiar o governo do PT na Bahia. Os predicados foram dedicados não apenas à gestão de Rui Costa, desde 2015, como também ao antecessor, Jaques Wagner.

Ex-ministro do próprio governo Lula, Wagner foi eleito governador em 2006, permanecendo no cargo entre 2007 e 2015. O partido ainda não definiu candidato ao posto para 2022.

"Eu não queira que o Jaques fosse candidato a governador, deixando o ministério do Trabalho. E ele ganhou no primeiro turno. E depois Rui. Eu vou na Bahia fazer um curso de como ganhar em primeiro turno. O galego fez um bem para a história da Bahia. E o Rui Costa é uma criação do Wagner — um gênio, com capacidade política excepcional. Não sei quem vai ser o candidato a governador, (mas) quem eles decidirem eu vou seguir", disse Lula.

"O Rui não é apenas governador da Bahia. É um grande governador da Bahia. O cidadão que é governador, faz a administração que está fazendo, tem tudo para ser candidato para presidente. Ele tem muita força e muita respeitabilidade. O PT tem um legado. Eu duvido que o Brasil tenha um partido e um governo que, ao longo da história da Bahia, tenha levado mais dinheiro para a Bahia do que o meu e da companheira Dilma (Rousseff). Foi uma coisa muito grande", acrescentou.

Para Lula, no entanto, o Estado da Bahia ainda carece de mais avanços. "Óbvio, por mais que você faça, vai faltar, porque foram muitos anos que não se fizeram algo."