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Maia nega arrependimento em apoio a impeachment de Dilma: 'Tenho convicção'

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), em entrevista ao Roda Viva - Reprodução/TV Cultura
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), em entrevista ao Roda Viva Imagem: Reprodução/TV Cultura

Do UOL, em São Paulo

03/08/2020 22h35

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou hoje em entrevista ao Roda Viva que não se arrepende de ter apoiado o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016.

Por outro lado, ele apontou que não vê elementos para abrir o processo de impeachment do atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido), apesar dos mais de 50 pedidos feitos a ele na Câmara contra o chefe do Executivo.

"Claro que não me arrependi, a questão do impeachment da presidente Dilma estava dado, votei a favor com muita convicção e tenho até hoje essa convicção", analisou no programa da TV Cultura.

No caso do presidente Bolsonaro, não tenho elementos para tomar uma decisão agora sobre esse assunto. Impeachment é uma coisa que devemos tomar muito cuidado, não pode ser instrumento para solução e crises. Tem que ter um embasamento para essa decisão e não encontro ainda nenhum embasamento legal."

O presidente da Câmara disse que não vê motivação para um processo de impeachment de Bolsonaro, mesmo com a participação do presidente em atos antidemocráticos. "Não que não sejam questões graves, publicamente me manifestei em quase todos esses eventos que o presidente participou."

"Acho que o presidente comete vários erros, só que tem uma parte da sociedade que apoia o presidente também, apesar de minhas divergências com ele. Não vou ser pressionado para deferir algo que acho que não há crime", declarou.

Maia apontou também que não é o momento para falar sobre isso durante a pandemia do coronavírus. "Vou continuar pautando as matérias que eu entendo, junto com os líderes, deputados e deputadas, que vão impactar na vida das pessoas."

Avaliação da gestão Bolsonaro

Para Maia, Bolsonaro vem perdendo oportunidades que fizeram com que ele votasse no ex-deputado federal no segundo turno em 2018 — caso da agenda econômica de reformas de modernização do estado brasileiro.

O político do DEM ainda salientou que há muitas divergências com o presidente, e que avalia de forma negativa como Bolsonaro tratou a pandemia do coronavírus.

Acho que o presidente errou na questão de minimizar o impacto da pandemia, a questão da perda de vidas. Vamos chegar a 100 mil vidas perdidas, acho que ele minimizou isso, criou um falso conflito. O problema da queda da economia não está atrelada ao isolamento ou não: está atrelada ao vírus."

Gastos com impostos

Rodrigo Maia comentou ainda no Roda Viva sobre a carga tributária — que ele considera "enorme" — e que teremos alto índice de desemprego como herança para os próximos anos.

O presidente da Câmara citou que o déficit primário não foi zerado, como o governo federal prometeu nas eleições, e que há um "drama" que não pode ser alocado para impostos.

"Não é justo que o orçamento público cresça de forma permanente sem nenhum decisão do poder executivo, que o orçamento continue indexado, que a qualidade do serviço público continue a mesma. Precisamos organizar as despesas do estado brasileiro", afirmou.

Maia cita "agenda suicida" de Bolsonaro

Outra crítica do integrante do DEM foi sobre a agenda do governo federal sobre o meio ambiente — o que ele caracterizou como "suicida".

Para ele, a falta de apoio de Bolsonaro às questões ligadas ao meio ambiente não vai trazer pontos positivos para o país e seguirá com a imagem manchada no exterior.

O Brasil não vai crescer, nossa economia vai continuar patinando, o desemprego vai crescer mais que apenas o impacto da pandemia. Seria importante que o governo mudasse."