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Ministro da Justiça fala na 6ª ao Congresso sobre dossiê de 'antifascistas'

A atividade contra os supostos críticos é realizada por uma unidade do ministério pouco conhecida, a Secretaria de Operações Integradas - AGU/Ascom/Divulgação
A atividade contra os supostos críticos é realizada por uma unidade do ministério pouco conhecida, a Secretaria de Operações Integradas Imagem: AGU/Ascom/Divulgação

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

04/08/2020 19h17

O ministro da Justiça, André Mendonça, falará ao Congresso Nacional sobre um dossiê sigiloso elaborado pelo governo relativo a supostos críticos à gestão de Jair Bolsonaro (sem partido).

O ministro prestará explicações à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência na sexta-feira (7) à tarde. A reunião será por videoconferência e acessível somente aos membros do colegiado, formado por seis senadores e seis deputados federais.

O UOL revelou a existência de um relatório sigiloso com nomes e, em alguns casos, fotografias e endereços de redes sociais de 579 servidores federais e estaduais de segurança identificados como integrantes do "movimento antifascismo", além de três professores universitários.

A atividade contra os antifascistas, conforme documentos aos quais o UOL teve acesso, é realizada por uma unidade do ministério pouco conhecida, a Seopi (Secretaria de Operações Integradas), uma das cinco secretarias subordinadas ao ministro André Mendonça.

Segundo apurou o UOL, a reunião foi acertada nesta terça à tarde entre o presidente da comissão, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), e André Mendonça. O encontro de forma reservada foi uma preferência do ministro.

Parte dos parlamentares passou a cobrar explicações sobre os motivos e critérios do dossiê. Requerimento para que o ministro seja convocado a falar ao Congresso foi apresentado pelos líderes da minoria na Câmara, deputado, José Guimarães (PT-CE), e no Congresso, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), com o apoio de outros líderes de partidos da oposição.

"A democracia exige vigilância constante. Não podemos tolerar que a devassa da vida privada de cidadãos e os fantasmas da censura e da perseguição política assombrem nossas vidas e se tornem novamente rotina em nosso país. Por essas razões, rogo ao nobres pares apoio para a aprovação deste requerimento de convocação para que tenhamos a oportunidade de ouvir o Senhor Ministro da Justiça", escreveram no pedido.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.