Topo

Bolsonaro antecipa rali eleitoral de olho em blindagem contra pandemia

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

12/08/2020 04h00Atualizada em 12/08/2020 07h24

Além de promover ações do governo federal, o rali eleitoral iniciado nas últimas semanas por Jair Bolsonaro (sem partido), que está de olho na reeleição em 2022, também foi programado como uma forma de blindagem do presidente contra o acúmulo de desgastes provocados pela pandemia do novo coronavírus.

Bolsonaro designou interlocutores para verificar, junto a ministérios e lideranças locais, a viabilidade de agendas positivas em estados e municípios, sobretudo no Nordeste —região que é considerada reduto petista. Esse grupo avalia que a estratégia do Planalto está dando certo.

Desde que se recuperou da covid-19 e, após mais de duas semanas em isolamento, Bolsonaro retomou a rotina no Palácio do Planalto e já viajou para a Bahia, onde inaugurou sistema de abastecimento de água; para o Piauí, a fim de visitar o Parque Nacional da Serra da Capivara; e para o Rio Grande do Sul, onde entregou unidades habitacionais no município de Bagé.

Também cumpriu agenda em São Vicente (SP), na semana passada, para visitar uma ponte e ser homenageado por vereadores.

Nos próximos dias, o presidente terá um novo compromisso em São Paulo: acompanhar o embarque da comitiva brasileira que se somará aos esforços humanitários para reconstrução de Beirute, atingida por uma explosão de grandes proporções. Em seu radar estão ainda deslocamentos futuros para Pará e Rio de Janeiro.

O cronograma com forte apelo "populista" em meio à pandemia da covid-19 tem sido feito a várias mãos, mas conta com a participação efetiva de quatro ministros: Walter de Souza Braga Netto (Casa Civil), Fábio Faria (Comunicações), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura).

A estratégia de Bolsonaro seria "sentir na ponta da linha" até que ponto a crise do coronavírus realmente é capaz de afetar sua imagem em relação ao eleitorado não cativo.

O governante tem demonstrado preocupação, segundo relatos de aliados, em deixar de "pregar para convertidos" e diversificar a sua base de apoio.

Além disso, durante a pandemia, Bolsonaro travou embates sucessivos com governadores que, diferentemente dele, eram defensores de medidas restritivas, como o isolamento social. Os confrontos acabaram custando caro ao presidente, pois parte da opinião pública endossou a necessidade da quarentena.

De acordo com o cálculo político do chefe do Executivo, o contato mais próximo com o eleitor pode ajudar a amortizar os impactos negativos da crise do coronavírus. A iniciativa é, em parte, resultante da insatisfação de Bolsonaro com as pesquisas que apontam queda de popularidade e de sua preocupação com o cenário eleitoral para 2022.

bolsonaro ponte - Alexandre Schneider/Getty Images - Alexandre Schneider/Getty Images
Bolsonaro durante visita a ponte em São Vicente (SP)
Imagem: Alexandre Schneider/Getty Images

Errata: este conteúdo foi atualizado
O Parque Nacional da Serra da Capivara fica no Piauí. A informação foi corrigida.