Maia diz não caber reação desproporcional de Bolsonaro ao ameaçar repórter
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), declarou não caber a "reação desproporcional" do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), ontem (23) ao ameaçar um repórter do jornal O Globo por se incomodar com pergunta feita sobre cheques de Fabrício Queiroz à primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
"Não é bom, porque, claro que muitas vezes as perguntas que vocês [imprensa] fazem a cada um de nós, a gente não gosta, fica com raiva, é da natureza humana. Agora, não cabe uma reação desproporcional como a do presidente ontem", afirmou hoje em entrevista à rádio Gaúcha.
"A gente tem que entender que as nossas liberdades - a liberdade individual, de imprensa de expressão, religiosa - todas elas têm importância fundamental em qualquer civilização, sociedade. Não podemos esquecer disso. Então, uma frase com esse impacto vindo do presidente do Brasil, a figura mais importante da política brasileira, certamente gera impacto muito negativo interna e externamente", acrescentou.
Maia falou que os últimos 60 dias foram "muito positivos" para o país e o governo, e que Bolsonaro parou de atacá-lo publicamente. O período coincide com falas menos agressivas de Bolsonaro perante os outros Poderes.
"Espero que o episódio de ontem não se repita. Não é bom, não ajuda, vai criando tensionamento", disse Maia.
Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador e filho do presidente da República, Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), e a mulher dele, Márcia Aguiar, repassaram R$ 89 mil para a conta de Michelle Bolsonaro entre 2011 e 2016 —antes portanto de o marido assumir a Presidência da República -, segundo reportagem da revista Crusoé.
Flávio e Queiroz, além de integrantes da família do ex-assessor, são investigados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por suposto envolvimento em rachadinha no gabinete do parlamentar quando deputado estadual. Os motivos para o depósito de Queiroz a Michelle não foram esclarecidos até o momento.
Ao ser questionado sobre os depósitos, Maia preferiu não entrar no mérito do caso, justificando que a apuração de eventuais ilegalidades está na Justiça e não cabe ao presidente da Câmara tratar disso.
Indagado se o caso Queiroz poderia resultar em um processo de impeachment contra Bolsonaro, Maia falou que os supostos fatos não têm base para uma cassação do presidente hoje. Ele avaliou que, para um impeachment, é preciso que haja a comprovação de um crime de responsabilidade cometido durante o exercício da Presidência da República, o que não seria a situação atual.
Maia ainda falou não ser momento de analisar pedidos de impeachment no momento, mas focar no combate aos efeitos socioeconômicos negativos causados pela pandemia do coronavírus.
"Nesse momento não cabe focar nossos esforços [no impeachment] e ampliar a crise política no Brasil", disse.
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