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'Não existia liderança do Ministério da Saúde', diz Nelson Teich

Nelson Teich participa de entrevista na CNN - Reprodução
Nelson Teich participa de entrevista na CNN Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/08/2020 18h54

O ex-ministro da saúde Nelson Teich afirmou em entrevista ao CNN 360º que durante o seu período no governo não enxergou uma liderança da pasta na coordenação da pandemia. Ao lado do ex-secretário de Vigilância em Saúde Wanderson de Oliveira, os profissionais da saúde avaliaram a atuação federal durante o período em que participaram das decisões políticas.

"A percepção que eu tive é que realmente não existia uma liderança", afirmou Teich. "Na primeira reunião ficou claro de que existia uma postura de que 'aqui somos iguais'. Eu não percebi que o Ministério tinha uma liderança e isso porque não tínhamos nem uma liderança da informação e nem da coordenação dos trabalhos. Não que seja um desastre, mas é um diagnóstico que eu fiz. O Ministério tem que ser a liderança."

Para o ex-ministro, não houve cooperação e nem a compreensão de que era necessário rever cotidianamente as próprias decisões diante das incertezas impostas pelo novo vírus. "Em situações de extrema incerteza e desconhecimento você vai tomando as decisões e revendo isso a cada dia", explicou.

Wanderson de Oliveira concordou com Nelson Teich e ainda defendeu que houve uma politização da saúde no decorrer do tempo.

"Tivemos que conduzir a maior pandemia do século com uma série de incertezas e é natural que tenha muita gente falando ao mesmo tempo, se estressando, muitos tentando ajudar, outros tentando impor as suas ideias e tudo isso acaba ficando cada vez mais complexo na medida em que se politiza a questão da saúde. E houve uma politização que prejudicou muito o andamento", disse.

Apesar das críticas, os dois concordaram que também houve pontos positivos na atuação. "Hoje conhecemos melhor a doença e temos informações mais precisas do que o início da pandemia. Mas temos que aprimorar numa coordenação nacional e na melhora da qualidade da vigilância. Os números precisam estar mais precisos", defendeu Oliveira, ressaltando a importância da testagem e rastreamento da covid-19 no país.