Do PSOL a bolsonaristas: deputados da Alerj comentam afastamento de Witzel
A notícia do afastamento do governador Wilson Witzel (PSC) do cargo por 180 dias por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) provocou alvoroço entre os deputados da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Desde maio, a Casa tenta dar prosseguimento a um processo de impeachment que pode afastar o governador definitivamente do cargo, mas que tem tropeçado em manobras jurídicas da defesa do governador.
Parlamentares de campos ideológicos opostos comentaram o afastamento do chefe do Executivo e lamentaram que mais um governador esteja no centro de investigações por suposta corrupção. Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, Renata Souza afirmou que a prisão é um "retrato lamentável" da vida pública do estado.
"O afastamento do Witzel é o retrato lamentável de como a corrupção tornou-se via de regra nos governos do Rio. Apoiado pela família Bolsonaro, a gestão de Witzel foi colocada nas mãos de antigos mercadores, mesmo com todo o discurso anticorrupção da dobrada Witzel e Bolsonaro. É triste ver mais um episódio como esse, ainda mais quando a população está fragilizada, em plena pandemia, com mais de 15 mil pessoas que perderam a vida", afirmou.
Integrante da ala bolsonarista do governo fluminense, que rompeu com Witzel após a briga com o presidente da República no ano passado, Filippe Poubel (PSL) adotou tom mais exaltado ao falar da prisão.
"Ser afastado do cargo de governador é o início de uma série de punições exemplares que essa assassino, que roubou não só o erário, mas roubou vidas durante a pandemia, irá sofrer até a sua prisão. O seu destino não será diferente do de [Sérgio] Cabral e [Luiz Fernando] Pezão", afirmou.
Também da ala bolsonarista do PSL, Anderson Moraes, se disse "mais um dos enganados por Witzel". "Nós, eleitores, fomos às urnas, mas fomos enganados. Hoje, o governador e esse grupo de pessoas que sempre pensaram em roubar foram afastados do governo. Nós continuaremos lutando", afirmou.
Renan Ferreirinha, do PSB, ressaltou que o presidente do PSC, Pastor Everaldo, era esperado na semana que vem para ser ouvido pela Comissão Especial da Alerj que apura possíveis irregularidades durante a pandemia do coronavírus.
"A Comissão da Covid, da qual sou relator, aprovou minha sugestão de convocação do Pastor Everaldo. Iríamos interrogá-lo na próxima quinta-feira [3]. Nosso faro estava certo. Estava cada vez mais claro que a influência política de Everaldo é enorme na gestão da Saúde do Rio", afirmou.
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