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Bolsonaro usa Argentina como exemplo e reafirma que não tabelará alimentos

Bolsonaro descartou possível interferência nos preços dos alimentos - Edu Andrade/Fatopress/Estadão Conteúdo
Bolsonaro descartou possível interferência nos preços dos alimentos Imagem: Edu Andrade/Fatopress/Estadão Conteúdo

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

16/09/2020 10h34

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reafirmou hoje que o governo não pretende interferir na economia e adotar medidas como tabelamento de preços para conter a alta de alimentos, a exemplo do arroz e do óleo de cozinha.

"A partir do final de dezembro, começa uma colheita grande de arroz e aí normaliza o preço. Não posso é começar a interferir no mercado. Se a gente interferir, o material some da prateleira", declarou ele, em conversa com apoiadores ao deixar o Palácio da Alvorada, nesta manhã.

Bolsonaro usou a Argentina como exemplo e, sem mencionar números, sugeriu que o país vizinho também vive problemas de desabastecimento.

"Vou pedir a vocês para darem uma olhadinha de como está na Argentina. Não vou fazer críticas aqui, mas dá uma olhadinha na Argentina. Quem tiver amigo lá, pede para mandar imagem do que está acontecendo."

Bolsonaro declarou publicamente que o tabelamento de preços não era uma opção para o governo em 8 de setembro. Na ocasião, um pacote de cinco quilos de arroz, normalmente vendido a cerca de R$ 15, chegava a custar R$ 40 na gôndola.

O governante também disse que conversaria com comerciantes para tentar convencê-los a colaborar nesse momento. Na visão dele, os supermercados precisam abrir mão da margem de lucro obtida com a venda de produtos essenciais para, dessa forma, empurrar o preço para baixo.

"Tenho apelado para eles. Ninguém vai usar a caneta Bic para tabelar nada. Não existe tabelamento. Mas estamos pedindo para eles que o lucro desses produtos essenciais nos supermercados seja próximo de zero."

Apesar do apelo aos supermercados, eles são apenas a ponta da cadeia, e o aumento de preço vem das etapas anteriores. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), o produto comprado dos produtores pelas indústrias ficou 30% mais caro só em agosto.

Assim como outros produtos da cesta básica, como óleo de soja e feijão, a alta do arroz está ligada à valorização do dólar, que torna as exportações mais lucrativas aos produtores. Além disso, a safra de arroz neste ano caiu, ao mesmo tempo em que a demanda interna pelo produto cresceu durante a pandemia do novo coronavírus.

De acordo com Bolsonaro, a situação deve ser normalizada até janeiro do ano que vem, quando haverá a colheita de novas safras de arroz.