Witzel admite que não agiu corretamente ao revelar desejo de ser presidente
Wilson Witzel (PSC) admitiu que se precipitou ao manifestar publicamente o desejo de ser presidente da República. A declaração foi feita ao jornal O Globo em entrevista concedida pelo governador afastado do Rio no Palácio das Laranjeiras, onde ele está isolado e do qual se recusa a sair.
"Respondi [em entrevista] inocentemente que era o sonho de qualquer governador. Hoje reconheço que não agi corretamente. Uma eventual candidatura, seja à reeleição ou a outro cargo, dependeria de articulação política com aqueles com os quais mantive estreitas relações na campanha eleitoral, especialmente a família Bolsonaro", reconheceu o desafeto do presidente, que não usou máscara na conversa.
Witzel está afastado há mais de um mês por denúncias de corrupção na pasta da Saúde em sua gestão, por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), reforçada por um processo de impeachment aberto na Assembleia Legislativa. Sem comentar diretamente o caso, ele se disse vítima e que tem convicção de que reassumirá o cargo para unir a direita no país.
"Sempre tive uma motivação idealista na vida. Nasci em lar pobre e, ao contrário de muitos jovens da minha geração, que tinham ódio à ditadura, aprendi com meu pai que os governos militares fizeram bem à nação. Queria ser militar também, para servir ao Brasil do 'ame-o ou deixe-o'. Mas não tive sucesso nos concursos públicos."
Inferindo que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contribuiu para sua queda, Witzel, que hoje se considera um político de centro, ainda admitiu erro ao adotar um discurso belicoso em ações políticas. Ele cita o dia em que comemorou o desfecho do sequestro de um ônibus na ponte Rio-Niterói, em agosto do ano passado. A imagem causou polêmica.
"Festejei a vida dos passageiros que foram salvos pela ação da polícia, não a morte do sequestrador. A mensagem não foi entendida. Por isso, me arrependo do gesto", afirmou o governador afastado, que está lendo o livro "Bolsonaro, o Mito e o Sintoma", de Rubens Casara. Nele, o autor se debruça sobre a propagação da campanha bolsonarista e o que chama de "pensamento empobrecido".
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