Para defender Kassio, Bolsonaro cita até apoio que deu a Hugo Chávez
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rechaçou hoje as críticas feitas por seus apoiadores ao desembargador Kassio Nunes Marques, indicado para substituir Celso de Mello no STF (Supremo Tribunal Federal). O presidente negou que Marques seja de esquerda ou "abortista", e citou até o apoio que deu a Hugo Chávez nas eleições à presidência da Venezuela, em 1998.
"Quem não conhece o Kassio... [diz] 'ah, ele é abortista'. Baseado no quê, cara-pálida? Acha que eu vou botar um abortista lá?", disse Bolsonaro durante sua live semanal. "As pessoas às vezes batem em mim, 'apoiou Hugo Chávez'... É verdade. Quando ele foi eleito, em [19]98, achei uma coisa maravilhosa. Meu colega coronel do Exército, paraquedista, fez sua campanha. Achei que estava bem, depois fez besteira, virei opositor."
O apoio do presidente a Chávez foi declarado em 1999, durante entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, e voltou à tona durante a campanha eleitoral de 2018, sendo usado por opositores para "cutucar" Bolsonaro. Na ocasião, ele disse que o venezuelano era uma "esperança para a América Latina".
"Gostaria muito que essa filosofia [da Revolução Bolivariana] chegasse ao Brasil", disse Bolsonaro, à época recém-eleito deputado federal pelo PPB (atual Progressistas) do Rio de Janeiro. "Acho ele [Chávez] ímpar. Pretendo ir à Venezuela e tentar conhecê-lo."
O presidente ainda argumentou que escolheu várias pessoas para integrar seu governo que também trabalharam para governos de esquerda, e que isso não significa, necessariamente, que elas também tenham esse alinhamento político.
"Vejam os reitores: eu estou indicando cara do PCdoB. Tem faculdade que estou indicando cara do PSOL, tem universidade que é do PT", justificou, sem citar nomes ou apresentar provas. "Às vezes, chega a lista tríplice para mim e tem três [nomes] do PSOL, foram colocados pela militância do PSOL. Às vezes, [chega] um do PT, do PCdoB e do PSOL. E daí, quer que eu faça o quê?".
Fogo amigo
Bolsonaro também reconheceu que as críticas à indicação de Kassio partem de seus apoiadores, e não de opositores. Segundo o presidente, os responsáveis pelos ataques pertencem à "direita burra".
"Não é infiltrado da esquerda, como o pessoal diz. Não é petista, é gente da direita, mesmo, essa direita burra. É moleque, fedelho, cheirando à fralda ainda. Quando eu participei da luta armada, em [19]70, do lado do Exército brasileiro, o pai de vocês nem tinha nascido ainda. O pessoal agora se dá ao direito de criticar com baixaria", lamentou.
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