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João Gabbardo diz que politização sobre vacina chinesa é desprezível

João Gabbardo dos Reis trabalha com o governo de São Paulo no combate à covid-19 - ROGÉRIO GALASSE/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
João Gabbardo dos Reis trabalha com o governo de São Paulo no combate à covid-19 Imagem: ROGÉRIO GALASSE/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Colaboração para o UOL

20/10/2020 09h42

João Gabbardo dos Reis, coordenador executivo do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, criticou a politização do debate sobre vacinas contra covid-19 no Brasil. Ele afirmou que a CoronaVac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, tem enfrentado resistência por causa da polarização do debate ideológico no Brasil.

"Essa resistência contra a vacina chinesa tem origem em um grande problema no enfrentamento da pandemia, que vem desde março deste ano. A gente não consegue unificar discursos, porque o assunto é politizado e polarizado. Tem grupo que diz sim e outro que diz não. Isso é absolutamente desprezível nesse momento", comentou Gabbardo, em entrevista à CNN.

"O que todos queremos é que a gente possa interromper esse processo de transmissão da doença. Queremos voltar à vida normal."

Gabbardo disse não acreditar que o país de origem da vacina será um problema para imunizar a população.

"Não interessa se a vacina é chinesa, inglesa ou americana. Se for incorporada ao sistema nacional de vacina, o Ministério da Saúde vai distribuir o pool de vacina para os estados. E as pessoas vão usar. Ninguém vai perguntar no posto se é A ou B. Vai ter essa vacina na unidade sanitária. Eu confio na vacina de Oxford e na Fiocruz, assim como confio no Butantan. É uma instituição centenária. Não tem sentido essa discussão. Todas vacinas serão seguras se passarem nos testes", declarou Gabbardo.

Questionado sobre quando a CoronaVac estará disponível, Gabbardo repetiu o tom cauteloso mostrado pelo governo de São Paulo ontem. Ele explicou por que não é possível prever uma data agora.

"Tem uma etapa que não temos governabilidade, que é a necessidade de ter um determinado número de pessoas, 61 pessoas, que fizeram testes e foram contaminadas com doença. A partir desse número, que é um modelo estatístico, vamos avaliar os 2 grupos. Esperamos que o grupo que tomou vacina tenha percentual menor com doença do que o grupo que tomou placebo. Quanto mais diferente, maior eficácia da vacina. Vai se comprovar que, quando se toma vacina, se protege. Mas até chegar a esse número, 61, pode demorar um pouco mais. E nesse momento a transmissibilidade da doença está em queda. Hoje os trabalhadores da área da saúde se protegem melhor. Eles têm melhores equipamentos e aprenderam a se cuidar. Então esse processo não tem como a gente acelerar", explicou Gabbardo.