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Governo Doria recua e diz que não pode dar data precisa para vacina

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

19/10/2020 13h01Atualizada em 19/10/2020 15h22

Após anunciar que uma possível vacinação da população de São Paulo contra o coronavírus poderia começar este ano, a gestão João Doria (PSDB) recuou hoje e adotou um tom mais cauteloso, dizendo que ainda não é possível precisar quando as doses estarão disponíveis.

"As perspectivas são otimistas, mas não podemos dar data precisa de quando isso vai acontecer. Esperamos que até o final desse ano", declarou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes na tarde de hoje.

Anteriormente, o governador Doria havia dito que a Coronavac, vacina contra o coronavírus que será produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, poderia começar a ser aplicada em profissionais de saúde a partir de 15 de dezembro, caso fosse aprovada em todos os testes.

Após a entrevista, questionado pela reportagem do UOL se é possível dizer que a vacina começará no dia 15 de dezembro como anunciado anteriormente, Covas respondeu: "Não. Não creio".

Especialistas já vinham dizendo que dificilmente haveria alguma vacina pronta para aplicação este ano. A própria OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou que o Brasil não terá uma vacinação em massa contra o novo coronavírus nem no ano que vem. A entidade acha que a população mundial terá de esperar até 2022.

Nos bastidores, a corrida por uma vacina é considerada uma disputa entre Doria e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de olho na eleição de 2022.

Vacina do Butantan é a mais avançada, diz Doria

Na coletiva de hoje, Doria também disse que a vacina do Butantan é a que está em estágio mais avançado entre todas as que estão em produção no mundo.

"Os primeiros resultados do estudo clínico comprovam que, entre todas as vacinas, a Coronavac é a mais segura e a que apresenta melhores índices e mais promissores. É, de fato, a vacina mais avançada neste momento", declarou.

O governo do estado divulgou hoje os resultados dos testes da Coronavac com 9.000 voluntários no país. De acordo com Covas, a vacina teve poucos efeitos colaterais e os resultados no Brasil comprovam que a vacina é segura.

Segundo os resultados apresentados, 35% dos voluntários apresentaram algum tipo de efeito colateral após a aplicação da vacina, sendo dor no local de aplicação a mais comum, relatada por 18% dos que receberam a dose.

Não foram apresentadas reações de grau 3, que são mais graves. Apenas 0,1% dos voluntários tiveram febre.

"As outras reações foram insignificantes do ponto de vista estatístico. O mais frequente foi dor de cabeça, que pode ter relação com vacina ou não. Os outros sintomas foram muito baixo", afirmou Covas. "Portanto é a vacina mais segura não só no Brasil, mas no mundo."