SC: Não quero ser arrastada por atos de terceiros, diz governadora interina
A governadora interina de Santa Catarina, Daniela Reinehr (sem partido), afirmou hoje que mudará o secretariado e que sua gestão terá "foco na retomada da economia". As declarações foram dadas na primeira coletiva dela à frente do Executivo estadual, justamente no dia em que começa a contagem dos 180 dias de afastamento de Carlos Moisés (PSL) devido ao processo de impeachment em andamento.
Segundo a política, a intenção é dar preferência a pessoas de perfil técnico para o secretariado, e as trocas devem ocorrer de maneira gradual. Ela disse ainda que apenas está definido o nome do chefe da Casa Civil, o general do Exército Ricardo Miranda Aversa.
"Já adianto que mudanças acontecerão de acordo com a necessidade. Isso porque não quero causar nenhum trauma, nenhuma instabilidade. Pelo contrário, temos que ser resilientes, temos que ser maduros, serenos diante das mudanças na medida em que forem acontecendo", afirmou.
Pergunta sobre o pai desconcerta governadora
No meio da coletiva, Reinehr foi surpreendida ao ser questionada se compactuava com ideias neonazistas que teriam sido defendidas por seu pai, professor de história que pregava o negacionismo do holocausto judeu. A governadora estava tomando água neste momento e ficou visivelmente desconcertada com a pergunta.
Reinehr respondeu que não pode ser julgada por "atos de terceiros", fazendo referência ao processo de impeachment em que também era investigada, mas do qual conseguiu escapar.
"Eu realmente não posso responder, ser julgada ou condenada pelo que esse ou aquele pense. Volto a dizer, eu respeito as pessoas independentemente do seu pensamento, respeito os direitos individuais e liberdades. E qualquer regime que vai contra o que eu acredito, contra esses elementos, eu repudio", afirmou.
Eu realmente espero que eu seja julgada novamente, que os atos sejam apartados como foi na comissão mista, que eu batalhei desde o início. Eu não quero ser arrastada por atos de terceiros, por convicções de terceiros. As minhas convicções estão muito claras nas redes sociais
Daniela Reinehr (sem partido), governadora interina de SC
Ações referentes à pandemia
Reinehr declarou que o foco de seu governo será a "retomada da economia" associada à preocupação com a saúde, em referência à pandemia do coronavírus. Questionada se iria rasgar os decretos de Carlos Moisés de combate à doença, como pediu o deputado estadual Jessé Lopes (PSL), a governadora disse que a situação precisa ser analisada caso a caso.
"A gente sabe que as prefeituras também têm poder de regular e sempre vale a regra mais restritiva. O meu compromisso é não ser a regra mais restritiva, as prefeituras têm essa autonomia. (...) Hoje a gente tem mais diretrizes do que se tinha antes da pandemia. Mais resultados, mais respostas. O foco é a gente analisar cada situação específica, cada caso específico e ver se a gente pode avançar ou recuar de acordo com os critérios do Ministério da Saúde", reforçou.
Ainda sobre o coronavírus, Reinehr disse que o melhor tratamento deve ser definido pelo médico. "Ele é o profissional que tem autonomia para decidir se vai ter exame complementar ou não vai, de acordo com cada paciente. É público e notório que cada paciente tem uma reação diferente a esse vírus. E cabe ao médico assistente decidir o melhor tratamento", opinou.
A governadora interina ainda comentou sobre o isolamento social. "Acima de tudo, a gente precisa cuidar dos doentes, isolar os doentes, e não os saudáveis."
Posse após sessão de mais de 17 horas
Daniela Reinehr assumiu interinamente após o afastamento do governador Carlos Moisés (PSL), decidido na madrugada do último sábado (24), após 17 horas de sessão. Ela também era investigada por suspeita de improbidade administrativa na concessão de equiparação dos salários dos procuradores do Estado com os dos procuradores da Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina), sem o aval dos deputados.
A manutenção dela no cargo ocorreu por duas situações ocorridas na sessão do Tribunal Especial de Julgamento, formado por desembargadores do TJ-SC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina) e por parlamentares da Alesc.
A primeira delas foi o voto do deputado Sargento Lima (PSL), que foi contrário à continuidade da denúncia contra Reinehr. Com isso, o placar ficou em cinco a cinco, sendo necessário o desempate. A segunda situação foi o voto de minerva do presidente do TJ, desembargador Ricardo José Roesler, que também foi contrário ao afastamento da vice-governadora.
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