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Rodrigo Maia diz que próximos 6 meses serão decisivos para eleição de 2022

Rodrigo Maia mostrou desconfiança sobre posições econômicas do governo Bolsonaro - ADRIANO MACHADO
Rodrigo Maia mostrou desconfiança sobre posições econômicas do governo Bolsonaro Imagem: ADRIANO MACHADO

Colaboração para o UOL

06/11/2020 13h45

De acordo com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), os próximos 6 meses serão decisivos para as eleições presidenciais de 2022. Ele afirmou que as próximas atitudes do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vão moldar o cenário eleitoral.

Segundo Maia, as decisões de Bolsonaro sobre as reformas administrativa e tributária vão definir como o Brasil estará até 2022. O presidente da Câmara entende que Bolsonaro precisa tomar atitudes pouco populares para ganhar força econômica no futuro.

"Tem que esperar os próximos 6 meses para entender as decisões do governo. Eles serão decisivos para o fortalecimento ou enfraquecimento", afirmou Maia, para depois completar: "Todas politicas dentro do teto (de gastos) são populares. Fora do teto são populistas. Aí é uma decisão que o governo vai ter que tomar. O governo vai liderar processo", analisou Maia, em entrevista durante um evento do Banco Itaú.

Maia citou a ex-presidente Dilma Rousseff para dizer que Bolsonaro não devia tomar medidas populistas.

"A gente viu o governo Dilma tomando decisões assim. Lembro que o Fies saiu de 1 bilhão para 13 e 14 bilhões. Em 2015 e 2016 tivemos recessão. E aconteceu o que aconteceu com governo" afirmou ele, relacionando a crise econômica com o impeachment da Dilma.

Maia é líder de políticos que estão mais ao centro e admitiu que não sabe se ficará ao lado do presidente em 2022.

"O Centro tem que procurar um caminho, porque tem convergência com a parte liberal do governo, mas tem muita divergência com outras pautas", admitiu o presidente da Câmara.

Desconfiança sobre o governo

Nessa mesma entrevista, Maia também deixou claro diversas vezes que tem desconfianças sobre o governo Bolsonaro. Ele elogiou o Ministro da Economia, Paulo Guedes, mas ressaltou que nem todas decisões são tomadas por ele. E por isso espera turbulências em breve.

"Não sei se teremos céu de brigadeiro ou com muita turbulência. Estou na linha de que teremos turbulência. Porque o governo não é só a equipe econômica. A gente não sabe como o governo vai assumir a responsabilidade de temas difíceis", destacou Maia, completando depois: "o governo e o Paulo Guedes são infelizmente diferentes. Há uma parte, que não sei se é majoritária, que não pensa como pensa o Ministro da Economia. Temos que sentar com outros ministros e senadores para mostrar risco da gente pensar em desfazer política do teto (de gastos) hoje", pediu Maia.

Uma discussão frequente tem aparecido sobre a criação de um novo imposto. Maia avisou que a Câmara só vai aceitar isso se o projeto partir da equipe de Bolsonaro. "O governo tem que assumir responsabilidade junto. Não adianta pensar que vai transferir a parte das responsabilidades para o parlamento. É impossível aceitar criação de imposto que não seja com autoria do governo".

Reforma da previdência

Maia também falou sobre a eleição para o novo presidente da Câmara, da qual não poderá participar, pois já esgotou o limite de reeleições. Ele estava em um evento de banqueiros e por isso assegurou que não haverá mudança na postura reformista do parlamento.

"Em relação ao futuro, nenhum candidato à presidência da Câmara que não defenda agenda liberal na economia tem chance de sair vitorioso. Aí a preocupação é se será só discurso ou se ele acredita mesmo. São coisas diferentes", ressaltou Maia.

Ele mostrou que está preocupado com a possibilidade da troca de comando afetar a reforma da previdência - que ele diz ter sob controle atualmente.

"Posso votar a reforma amanhã se tiver acordo (com o governo). A reforma tributária está pronta para votar. Mas o governo não se deu conta de que vai ser o grande beneficiado. Até a esquerda tem dialogado conosco. O ambiente é muito favorável. Mas tem que ver como minha sucessão vai influenciar. Tenho medo que não consiga avançar porque está muito carimbada como minha. Isso é uma grande besteira", decretou Maia.