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No G20, Bolsonaro reclama de protestos contra racismo e ignora João Alberto

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

21/11/2020 12h18

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aproveitou a reunião dos líderes do G20 para tratar de protestos por discriminação racial no Brasil. No entanto, ele não avaliou o motivo dos protestos, o assassinato de João Alberto Freitas num supermercado, e também não prestou solidariedade à família da vítima. Ele disse que querem "colocar a divisão entre raças" no Brasil.

"Aqueles que instigam o povo à discórdia, fabricando e provocando conflitos atentam contra a nação e contra a nossa própria história", reclamou o presidente na manhã deste sábado (21).

Na sexta-feira, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou que "não existe" racismo no Brasil.

Ontem, Bolsonaro afirmou que é "daltônico": "Não adianta dividir o sofrimento do povo brasileiro em grupos".

Hoje, Bolsonaro afirmou aos líderes do G20, que antes de entrar no assunto das discussões, faria "rápida defesa do caráter nacional brasileiro". Isso porque, segundo ele, haveria uma "tentativa de importar para o nosso território tensões alheias à nossa história".

O presidente reafirmou o fato de o Brasil ser um povo com muita miscigenação, entre brancos, negros e índios. Ele disse que isso é a "essência do povo".

"Contudo, há quem queira destruí-la e colocar em seu lugar o conflito, o ressentimento, o ódio e a divisão entre raças, sempre mascarados de luta por igualdade ou justiça social", acusou o presidente.

Bolsonaro afirma que as queixas sobre o racismo são motivados por "busca de poder" e "diversos interesses". O trecho do discurso foi publicado nas redes sociais de Bolsonaro.

O único trecho em que mencionou problemas no país foi: "Não somos perfeitos. Temos, sim, os nossos problemas".

Ele prosseguiu: "Enxergo todos com as mesmas cores, verde e amarelo."

Não existe uma cor de pele melhor do que as outras"
Jair Bolsonaro, presidente

"O que existem são seres humanos, bons e maus, e são nossas escolhas e valores que determinarão em qual dos dois grupos nos incluiremos."