Topo

Lira não seria subserviente ao governo, diz líder da oposição na Câmara

Candidato de Bolsonaro não terá apoio da oposição, mas defende Parlamento e dialoga com a esquerda, diz André Figueiredo (PDT) - Pedro Ladeira/Folhapress
Candidato de Bolsonaro não terá apoio da oposição, mas defende Parlamento e dialoga com a esquerda, diz André Figueiredo (PDT) Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

16/12/2020 20h18Atualizada em 16/12/2020 20h19

O líder da oposição na Câmara, André Figueiredo (PDT-CE), afirmou acreditar que o deputado Arthur Lira (PP-AL), candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro à sucessão do comando na Casa, não seria subserviente ao governo caso ganhasse a eleição, que acontecerá em fevereiro.

Ao UOL Figueiredo disse ver em Lira uma pessoa que defende o Parlamento e tem "diálogo" com a oposição. O pedetista afirmou ainda que as esquerdas montarão uma estratégia para ter mais influência na disputa e que é preciso esperar para saber quem será o candidato de Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente da Câmara.

"[Lira] É o candidato apoiado pelo bolsonarismo. Isso pesa contra ele, sem dúvida. Eu não acredito que ele vai ser subserviente ao Bolsonaro. Sempre defendeu muito o Parlamento e teve uma postura de diálogo muito aberta com todos os partidos do centro, de oposição", disse Figueiredo.

Além do PDT do deputado, o PT, o PSB e o PSOL não devem apoiar Lira, líder do centrão.

Figueiredo argumenta que Rodrigo Maia teve o apoio do ex-presidente Michel Temer e mesmo o de Bolsonaro, no início. E que, apesar disso, não transformou a Câmara numa extensão do Poder Executivo.

"Temer era o mentor de Rodrigo. E não se pode dizer ele que foi subserviente ao Temer de forma alguma. Da mesma forma que Rodrigo, mesmo apoiado por Bolsonaro no início de 2019 —- o PSL votou em peso nele —-, não foi subserviente a Bolsonaro."

Lira é favorito, mas faltam candidatos, diz líder

A estratégia da oposição será mesmo esperar a definição do candidato a ser apoiado por Maia para fazer frente a Arthur Lira. Entre os postulantes estão Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Baleia Rossi (MDB-SP).

O líder da oposição diz acreditar que Maia vai definir o candidato até sexta-feira (18). A partir daí, a oposição deve tomar um caminho, mas decidindo apenas em janeiro, na avaliação de Figueiredo.

"A oposição unida tem condições de influenciar bastante nas eleições da Casa", disse. A estratégia é apoiar ou uma candidatura de centro — como a que Maia vá bancar — ou uma ligada às siglas de esquerda.

Figueiredo descarta a hipótese difundida pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de que a candidatura da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, seria mais viável que a de Lira para o governo de Bolsonaro. Hoje ainda sem adversários definidos, ele diz que o deputado é o favorito na disputa.

"Pelo que eu vejo hoje, para a candidatura do Arthur Lira naufragar, precisaria um míssil ser disparado contra ele. Por enquanto, ele está navegando bem dentro do Parlamento", disse Figueiredo, que no entanto, não descarta uma virada de jogo a depender de quem será o adversário do candidato preferido do governo.