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Lewandowski deixa Lula acessar mensagens de autoridades hackeadas

Ex-presidente poderá ter acesso a mensagens que incluem integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato - Victor Moriyama/Getty Images
Ex-presidente poderá ter acesso a mensagens que incluem integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato Imagem: Victor Moriyama/Getty Images

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

28/12/2020 13h00

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski permitiu que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha acesso a mensagens de autoridades hackeadas apreendidas pela Operação Spoofing, como integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato. A decisão atende a um pedido de acesso feito pela defesa de Lula.

O acesso concedido é relativo às mensagens que digam respeito, direta ou indiretamente, a Lula e que tenham relação com as investigações e as ações penais contra ele. A Operação Spoofing foi deflagrada em julho de 2019 e buscou desarticular uma organização criminosa de crimes cibernéticos. O conteúdo das mensagens deverá permanecer em sigilo, afirmou Lewandowski.

"Considerando que os arquivos arrecadados compreendem cerca de 7 TB [terabytes] de memória, envolvendo inclusive terceiras pessoas, advirto que os dados e informações concernentes a estas deverão permanecer sob rigoroso sigilo", escreveu o ministro na decisão.

O compartilhamento das mensagens deverá ser feito pela 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, com o apoio de peritos da Polícia Federal, em até dez dias. É válida a entrega de mensagens relacionadas a investigações e ações penais de Lula na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba ou em qualquer outra jurisdição, inclusive estrangeira.

O grupo de investigados pela Operação Spoofing é suspeito de invadir os celulares de autoridades e acessar suas mensagens privadas em aplicativos. Já foram alvos de hackers o ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, procurador Deltan Dallagnol, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

No ano passado, o site The Intercept Brasil publicou uma série de reportagens com base em mensagens atribuídas a Moro e Dallagnol, entre outros integrantes da força-tarefa da Lava Jato. As reportagens mostram conversas deles sobre assuntos investigados. Uma matéria do Intercept afirma que as mensagens "revelam colaboração proibida de Sergio Moro com Deltan Dallagnol na Lava-Jato". A defesa de Lula busca reverter condenações na Justiça alegando parcialidade dos envolvidos junto a mais argumentações.