PT cobra mais garantias de Baleia; candidatura própria não está descartada

O PT cobra mais garantias de que o candidato à Presidência da Câmara Baleia Rossi (MDB-SP) atenderá pedidos de interesse da oposição, como combater eventuais atos autoritários do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e não pautar privatizações de estatais, a autonomia do Banco Central e medidas que prejudiquem o meio ambiente.

O PT também pede que Baleia se comprometa a analisar as dezenas de pedidos de impeachment contra Bolsonaro parados hoje na Presidência da Câmara. Mesmo que um processo não seja aberto, o partido quer que eles sejam estudados.

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A bancada do PT se reuniu hoje para discutir que rumo tomar nas eleições internas da Câmara, previstas para 1º de fevereiro de 2021, e pretende debater mais o assunto com outros partidos de oposição ao longo desta semana e com o próprio Baleia. Portanto, uma decisão só será tomada em janeiro. Nova reunião está marcada para segunda-feira (4).

O maior adversário de Baleia é o candidato de Bolsonaro e líder do centrão, Arthur Lira (PP-AL). Este já prepara um tour nacional para conversar com os deputados em suas bases eleitorais e mira traições em partidos com bancadas rachadas quanto a quem apoiar.

Em reunião ontem com representantes da oposição, Baleia aceitou não travar a instalação de CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) e atos contra o governo para atrair oposição, caso seja eleito. O líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ), disse que Baleia se comprometeu a respeitar o espaço regimental e institucional da oposição, sem criar dificuldades para o trabalho do grupo.

Uma carta subscrita pelo PT, PSB, PDT e PCdoB com pedidos a Baleia foi lida ontem ao candidato e, segundo participantes da reunião, foi aceita na íntegra. No entanto, há cobranças do PT para que Baleia seja mais enfático na defesa de temas caros à oposição. Inclusive, no respeito à proporcionalidade das bancadas no momento de indicações à Mesa Diretora, comissões e relatorias de propostas.

"A bancada vai apresentar algumas sugestões para ampliar esse acordo político para que, caso ele seja eleito presidente da Casa, possamos avançar na luta pela democracia, pelo respeito aos direitos e em defesa da população brasileira", disse o líder do PT na Câmara, Enio Verri (PR).

Ala no partido questiona ainda o aval a um político do MDB — sigla de Eduardo Cunha, que possibilitou a abertura do impeachment contra Dilma Rousseff (PT), e de Michel Temer, que assumiu a Presidência da República após o processo. Outra parte teme que Baleia fortaleça o MDB em São Paulo e afete estratégias da oposição na política local.

Por isso, uma candidatura própria do PT ou junto a outros partidos da oposição não está descartada. Além do PT, o Psol segue sem firmar apoio explícito a Baleia Rossi. Uma possibilidade é que a oposição lance um candidato próprio para marcar posição no primeiro turno e, no segundo, se juntar a Baleia.

A candidatura de Baleia tem por trás o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e declarações deste em entrevista hoje ao jornal "Folha de S. Paulo" também causaram irritação dentro do partido.

Maia disse que seu bloco de sucessão na Câmara é sinal forte de união para a eleição presidencial de 2022. O PT, porém, já indicou querer lançar candidato próprio no pleito e discorda até mesmo de posicionamentos de partidos de esquerda sobre o projeto para 2022.