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Em aceno ao PT, Baleia apoia Dilma após fala de Bolsonaro sobre tortura

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

29/12/2020 11h09Atualizada em 29/12/2020 13h03

Candidato à presidência da Câmara dos Deputados, Baleia Rossi (MDB-SP) publicou hoje nas redes sociais uma mensagem de solidariedade a Dilma Rousseff (PT) depois que Jair Bolsonaro (sem partido) provocou a ex-presidente, ontem, ao falar da tortura sofrida por ela durante a ditadura militar.

"Não é sobre esquerda, centro ou direta. É sobre a dignidade humana, é disso que se trata. Nossa solidariedade à ex-presidente Dilma Rousseff. Tortura nunca mais", declarou o parlamentar, em postagem no Twitter.

Baleia tem se empenhado em costurar uma aliança com os partidos de esquerda, entre os quais o PT, para fortalecer a sua candidatura à Presidência da Câmara.

O emedebista é tido como o principal concorrente do favorito do governo Bolsonaro para a sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Câmara, o alagoano Arthur Lira (PP), líder do centrão. Por esse motivo, seu nome acabou aglutinando apoio informal de lideranças de esquerda —campo político que não tem força para emplacar uma candidatura própria com chance real de vencer.

As negociações, no entanto, são criticadas por frentes de militância de partidos como PT e PSOL. O MDB de Baleia é também a legenda do ex-presidente Michel Temer, ex-vice de Dilma e sucessor depois que ela sofreu processo de impeachment, em 2016.

Ataque de Bolsonaro é criticado por Lula, FHC e Maia

Ontem (28), ao deixar o Palácio da Alvorada, em Brasília, para viajar ao Guarujá (SP), onde passará o Réveillon com a família, Bolsonaro ironizou a tortura sofrida por Dilma Rousseff no período em que ela foi presa, em 1970, durante o regime militar.

A apoiadores, Bolsonaro insinuou que Dilma deveria mostrar um exame de raio-X para provar ter sofrido fratura na mandíbula durante as sessões de tortura promovidas pelos militares na ditadura.

"Dizem que a Dilma foi torturada e fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio-X para a gente ver o calo ósseo. Olha que eu não sou médico, mas até hoje estou aguardando o raio-X", declarou.

A ex-presidente rebateu a fala de Bolsonaro, classificando-o como "fascista", "sociopata" e "cúmplice da tortura e da morte".

Para Dilma, Bolsonaro mostra, "com a torpeza do deboche e as gargalhadas de escárnio, a índole própria de um torturador" e "ao desrespeitar quem foi torturado quando estava sob a custódia do Estado, escolhe ser cúmplice da tortura e da morte."

Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil perde sua "humanidade" em cada declaração de Bolsonaro.

"O Brasil perde um pouco de sua humanidade a cada vez que Jair Bolsonaro abre a boca. Minha solidariedade à presidente Dilma Rousseff, mulher detentora de uma coragem que Bolsonaro, um homem sem valor, jamais conhecerá", disse Lula, via Twitter.

Outro ex-presidente também criticou a declaração de Bolsonaro. Para Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a fala do presidente é "inaceitável".

"Minha solidariedade à ex Presidente Dilma Rousseff. Brincar com a tortura dela — ou de qualquer pessoa — é inaceitável. Concorde-se ou não com as atitudes políticas das vítimas. Passa dos limites", escreveu FHC em sua conta no Twitter.

O atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que Bolsonaro não possui "dimensão humana".

"Bolsonaro não tem dimensão humana. Tortura é debochar da dor do outro. Falo isso porque sou filho de um ex-exilado e torturado pela ditadura. Minha solidariedade a ex-presidente Dilma. Tenho diferenças com a ex-presidente, mas tenho a dimensão do respeito e da dignidade humana."