'Não tenho dúvida de que já tem crime', diz Maia sobre atuação de Pazuello
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse hoje que não tem dúvidas de que o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, cometeu crimes durante o enfrentamento à pandemia de coronavírus.
"Em relação ao ministro eu não tenho dúvida nenhuma de que já tem crime. Pelo menos o ministro da Saúde já cometeu crime, eu não tenho dúvida nenhuma. A irresponsabilidade dele de tratamento precoce, a irresponsabilidade dele não ter respondido a Pfizer, a irresponsabilidade dele de não ter, como ministro da Saúde, se aliado ao Instituto Butantan para acelerar a produção daquela vacina e não apenas a vacina da Fiocruz. Tudo isso caracteriza crime e a PGR está investigando", disse Maia.
Em contato com a reportagem do UOL, a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde informou que o ministro Pazuello não irá comentar as declarações de Maia.
O presidente da Câmara voltou a dizer que é inevitável que haja uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso para apurar a conduta do governo federal durante a pandemia.
Inquérito contra Pazuello
O ministro Ricardo Lewandowski, no STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou hoje a abertura de inquérito contra o ministro da Saúde, pela condução da crise no Amazonas, que vive um colapso na saúde em meio à alta nos casos de covid-19. A partir de agora, o general é considerado formalmente investigado.
O pedido foi enviado ao STF pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, no último sábado (23), com o objetivo de apurar se houve omissão de Pazuello no enfrentamento da situação crítica no estado. Em janeiro, pacientes morreram asfixiados devido à falta de cilindros de oxigênio medicinal no Amazonas.
"Atendidos os pressupostos constitucionais, legais e regimentais, determino o encaminhamento destes autos à Polícia Federal para a instauração de inquérito, a ser concluído em 60 dias, conforme requerido pelo procurador-geral da República, ouvindo-se o ministro de Estado da Saúde", escreveu Lewandowski na decisão.
O ministro do STF definiu ainda que Pazuello deverá prestar depoimento em até cinco dias após a intimação. Além disso, "considerando a fase ainda embrionária das investigações", o general poderá marcar o dia, horário e local em que será ouvido pela Polícia Federal.
A solicitação ao STF cita um documento no qual o ministro informa que sua pasta teve conhecimento da iminente falta de oxigênio no dia 8 de janeiro, por meio da empresa White Martins, fornecedora do produto. O Ministério da Saúde iniciou a entrega de oxigênio apenas em 12 de janeiro, segundo as informações prestadas pela pasta à PGR.
No mesmo dia, Pazuello desembarcou em Manaus "sem voo de volta".
"Pazuello não tem voo de volta a Brasília. Ficará no Amazonas o tempo que for necessário. Vai comandar de perto as ações emergenciais de combate à covid-19, ao lado da equipe do Ministério da Saúde que já trabalha para apoiar a população do amazonense", afirmou a assessoria de imprensa do ministro.
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