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Grupos religiosos pedem impeachment de Bolsonaro por 'não acesso à vacina'

Líderes acusam Bolsonaro de negligência em relação às medidas de prevenção ao novo coronavírus - Aloísio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Líderes acusam Bolsonaro de negligência em relação às medidas de prevenção ao novo coronavírus Imagem: Aloísio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Natália Lázaro*

Colaboração para o UOL, em Brasília

26/01/2021 17h19Atualizada em 26/01/2021 23h02

Entidades católicas e evangélicas protocolaram hoje um pedido de Impeachment contra presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na Câmara dos Deputados. No documento, os líderes acusam o chefe do Executivo de negligência em relação às medidas de prevenção ao novo coronavírus, em especial pelo caos instalado na saúde pública de Manaus. Este é 63º pedido de impeachment protocolado contra Bolsonaro e apresentado à Mesa da Câmara.

No texto, os religiosos também denunciam Bolsonaro por crime de responsabilidade pelo "não acesso à vacina" e "desprezo pela vida dos cidadãos".

"Como cristãos e cristãs entendemos ser nosso dever participar da luta pela promoção e defesa dos direitos humanos e contra qualquer tipo de opressão ou ação que tenha como resultado o adoecimento e a morte da população. Por esse motivo é que nos colocamos na luta pelo afastamento do senhor presidente da República Jair Messias Bolsonaro", escreveram, na peça.

Entre as entidades que assinaram o pedido, está a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) e Movimento Social Religioso do Distrito Federal. Segundo a pastora Romi Márcia Bencke, do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, a "ausência total de iniciativas do governo para diminuir os impactos" é traduzida pela crise em Manaus.

"Essa é nossa tarefa como pessoas de fé", disse, ao alegar que o "sufoco" do Amazonas é o "sufoco de todo o país".

Distanciamento entre Bolsonaro e entidades cristãs

Quando candidato, Bolsonaro construiu apoio com as entidades cristãs para garimpar votos e criar base no Congresso Nacional. Porém, ao longo do mandato, o presidente e os líderes discordaram em algumas pautas colocadas pelo Executivo, gerando um distanciamento entre as partes.

Entre os primeiros pontos de atrito, a discussão sobre a posse e porte de armas de fogo fez com que alguns dos grupos criticassem a postura do presidente e se distanciassem do Planalto. Ainda, a queda de ministros e conflitos com parlamentares do centrão e base aumentaram as frituras.

Com a chegada da pandemia da covid-19 ao Brasil, as iniciativas junto ao Ministério da Saúde agravaram as divergências e religiosos se juntaram à oposição contra o presidente. O anúncio do impeachment por pastores e bispos terminou com um grito de "fora, Bolsonaro" pelos cristãos.

"Temos a consciência de quem nem todas as pessoas das nossas igrejas são favoráveis a esse ato que estamos fazendo, mas é importante destacar essa pluralidade e as contradições que existem no âmbito do Cristianismo. Nem todo Cristianismo é bolsonarista", afirmou a pastora Romi Márcia Bencke.

*Com Estadão Conteúdo