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Bolsonaro rebate gasto com leite condensado com xingamento à imprensa

Do UOL, em São Paulo

27/01/2021 17h44Atualizada em 27/01/2021 21h31

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rebateu hoje as críticas sobre os gastos com leite condensado no Executivo com ofensas à mídia e o compartilhamento de um texto que tenta justificar as despesas. Bolsonaro fez os xingamentos à imprensa durante um almoço em uma churrascaria de Brasília, em evento com a presença de ministros como Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Gilson Machado (Turismo), além de personalidades que apoiam o presidente.

Ontem, as redes sociais e parlamentares de oposição repercutiram uma reportagem do portal Metrópoles, que apontava gastos do Executivo com alimentos supérfluos como chicletes, bombons, e, principalmente, leite condensado, que mais chamou a atenção por ser um item que o presidente da República gosta de passar no pão no café da manhã.

Segundo a matéria, o Executivo gastou R$ 15,6 milhões só com leite condensado em 2020.

"Quando eu vejo a imprensa me atacar, dizendo que eu comprei 2,5 milhões de latas de leite condensado", disse Bolsonaro durante o almoço no restaurante localizado na Vila Planalto. "Vai pra puta que o pariu!", completou depois, sendo aplaudido pelos presentes, que incluíam os cantores Amado Batista e Rick, da dupla sertaneja Rick & Renner.

"É pra enfiar no rabo de vocês aí da imprensa", disse ainda Bolsonaro, exaltado, chamando a mídia brasileira de "imprensa de merda".

Já o texto em sua defesa foi publicado no canal do presidente no Telegram, para onde Bolsonaro tem migrado boa parte dos seus apoiadores na internet. A publicação de um seguidor de Bolsonaro nas redes sociais justificava os gastos com leite condensado com a alegação de que eles vieram em grande parte do Ministério da Defesa e da Funai.

A explicação diz que os órgãos do Executivo fazem uso do produto "em locais distantes e pouco acessíveis", onde "não é viável o transporte e o armazenamento de leite fresco, que estraga rapidamente".

Na reportagem que apontou os gastos totais de R$ 1,8 bilhão com alimentação no ano passado, a pasta da Defesa e a Funai foram identificadas entre os maiores compradores de leite condensado.

Mais tarde, em conversa com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada, Bolsonaro voltou a tratar do assunto. "Uma sucessão de erros, de equívocos levou a isso", disse. Ele justificou que os alimentos adquiridos são usados na alimentação de "centenas de milhares" de pessoas.

O presidente também ironizou as críticas sobre os gastos: "tenho um milhão de latas de leite condensado no Alvorada. Mesmo que eu tome 500 latas de leite condensado por hora não daria conta do recado".

Gasto 20% maior do que em 2019

O relatório de gastos com a alimentação do Executivo foi obtido por meio do Painel de Compras atualizado pelo Ministério da Economia. Segundo cálculos da reportagem, que considerou apenas itens que somaram mais de R$ 1 milhão, o montante foi 20% maior do que os próprios gastos do governo Bolsonaro feitos em 2019.

Além da soma com leite condensado, outros itens que chamaram a atenção foram as compras com chicletes (R$ 2,2 milhões) e pizza e refrigerante (R$ 32,7 milhões se somados).