Lira toma espaço do comitê de imprensa para não cruzar com jornalistas
Apesar de apelos de deputados federais para que reveja a decisão de mover o comitê de imprensa na Câmara, o presidente da Casa, Arthur Lira (Progressistas-AL), afirmou hoje que a decisão "está tomada".
No lugar do comitê, instalará o novo gabinete da presidência da Câmara. Com isso, os comandantes da Casa não precisarão mais cruzar com jornalistas no Salão Verde, como tem sido o costume desde a transferência da capital federal para Brasília.
Lira deu aval para tirar os jornalistas que cobrem o dia a dia da Câmara do espaço em que trabalham atualmente, com acesso direto ao plenário da Casa e vista para acompanhar eventuais manifestações no gramado em frente ao Congresso Nacional, e colocá-los em uma sala em um andar abaixo do salão verde e do próprio plenário.
Dessa forma, questionamentos aos presidentes da Câmara e o controle das autoridades que os visitam também serão dificultados.
"Com muita democracia, nós vamos conversar hoje, mas a decisão da Mesa [Diretora] está tomada. Iremos dialogar para dar um conforto e maior possibilidade que a imprensa exerça seu papel sempre com democracia, sem nenhum tipo de oportunismo político", disse Lira.
O Salão Verde é um dos espaços de maior circulação de pessoas na Câmara e por onde os deputados chegam ao plenário, inclusive o presidente da Casa. A mudança reduzirá o acesso da imprensa a Lira e aos demais deputados.
O esboço do projeto da nova sala do comitê divulgado aos jornalistas nesta semana não conta com janelas, banheiro, copa apropriada para refeições nem cabines para rádios e televisão, ao contrário da atual localização.
A previsão é que a sala ainda não comporte todos os jornalistas que trabalham na cobertura da Câmara. Mesmo no comitê atual, já é comum faltar lugares para todos os profissionais da imprensa.
A Câmara está voltando aos trabalhos de forma semipresencial e, com a mudança, em meio à pandemia do coronavírus, um temor é que medidas de distanciamento social não possam ser seguidas e mais pessoas fiquem doentes com a covid-19.
A ideia de se mover o comitê de imprensa do local atual, arejado e amplo, não é de hoje. Ela foi aventada durante as gestões de João Paulo Cunha (PT) e de Arlindo Chinaglia (PT), mas rejeitada pelos demais deputados, segundo relatos. O afastamento do comitê ressuscitou com Eduardo Cunha, mas ele acabou cassado antes de concretizar seus planos. A viabilidade da mudança continuou em gestação por alguns membros da última Mesa Diretora sob a presidência de Rodrigo Maia (DEM-RJ).
"Todos os partidos sabem das dificuldades que esta casa vive com gabinetes sem banheiros para parlamentares, lideranças com espaços diminutos, outras lideranças com espaços sobrando. [...] Nessa Casa nunca cerceamos direito de cobertura de ninguém. [...] O que a imprensa reclama é que não pode ficar distante do plenário, mas vamos dialogar como sempre fizemos para acharmos uma solução viável que atenda a todos", disse Lira.
Deputados fazem apelo a Lira
Desde ontem, diversos deputados fizeram apelos a Lira para que não mude a imprensa de lugar. Os pedidos foram reforçados hoje em plenário por parlamentares do PT, PCdoB, PSOL e MDB, por exemplo.
O deputado Hildo Rocha (MDB-MA) lamentou a atitude de Lira tomada de "maneira antidemocrática", ao seu ver.
"Há 60 anos, a imprensa brasileira ocupa esse espaço que Vossa Excelência quer ocupar para fazer a sua sala da Presidência. Ela é muito grande para comportar apenas uma pessoa. Ali funciona o comitê de imprensa com mais de 60 pessoas, a cada turno. Vossa Excelência disse que a decisão não foi sua. Já que a decisão não foi de Vossa Excelência, coloque em votação aqui no plenário da Câmara dos Deputados para que nós possamos decidir onde vão ficar os profissionais da imprensa, porque não é possível que queira colocar nos porões desta Casa os profissionais da imprensa", falou.
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