Silveira cita família e é criticado por placa de Marielle quebrada por ele
Preso em "flagrante delito" na última terça-feira (16) por fazer ameaças a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e ao Estado Democrático de Direito, o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) apelou à família durante discurso que fez na sessão da Câmara dos Deputados que decidiu pela manutenção de sua prisão.
Um de seus colegas, o deputado Fábio Trad (PSD-MS), no entanto, rebateu a fala de Silveira, e questionou se ele havia pensado na família de Marielle Franco (1979 - 2018), quando quebrou a placa que homenageava a vereadora do PSOL morta a tiros em um atentado, no Rio.
A fala de Silveira ocorreu enquanto ele tentava sensibilizar outros parlamentares para que revogassem a prisão referendada pelo plenário do STF.
A minha mãe assistiu à minha prisão, mas sem poder me ver. As minhas filhas assistiram à minha prisão, mas sem poderem me ver. Na calada da noite, eu repito, a Polícia Federal foi até a minha casa, como se buscassem um terrorista."
Daniel Silveira
"Então, eu conscientizo os deputados de outras vertentes, que se debatam sim as ideias, mas permaneça o respeito. Eu tenho uma família que está assistindo atônita, assim como milhões de brasileiros, a prisão de um deputado federal", acrescentou.
Em seguida, o deputado Fábio Trad (PSD-MS) rebateu a fala de Silveira e lembrou dos palavrões proferidos pelo parlamentar no vídeo transmitido ao vivo em suas redes sociais e que levou à sua prisão em flagrante: "O que acontece, Fachin, é que todo mundo tá cansado dessa tua cara de filha da puta, que tu tem, essa cara de vagabundo, né? [...] Por várias e várias vezes já te imaginei levando uma surra".
O deputado, apelando para o tom emocional, muito provavelmente numa estratégia para sensibilizar os colegas, fala sobre a sua família. Mas aí eu lhe pergunto: será que o deputado pensou na família da Marielle Franco, quando ele quebra a placa? Será que o deputado pensou na família do cidadão Fachin (não do ministro, mas do cidadão que é pai, esposo)? O deputado não pensou."
Fábio Trad
Trad se refere a um ato da campanha eleitoral de Silveira, em 2018, quando, ao lado do deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ), quebrou placa em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro em março daquele ano.
A atitude gerou revolta e, na época, milhares de pessoas lotaram a Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, para distribuir 1.700 placas com o nome da vereadora Marielle Franco, como forma de protesto. A manifestação, convocada pela internet, conseguiu arrecadar mais de R$ 40 mil reais para a produção de quase duas mil placas.
O caso foi lembrado hoje também pela deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ), líder do partido na Câmara, que usou uma camiseta com a frase "Quem mandou matar Marielle?".
Não é erro, não é equívoco. É parte da política de extermínio que os bolsonaristas defendem. O extermínio de direitos, da vida, da liberdade e da democracia. O que o senhor Daniel chama de equívoco é a política que matou Marielle Franco. É a política que extermina os jovens negros nas favelas e periferias brasileiras. Infelizmente, não é um discurso isolado."
Talíria Petrone
Em seu discurso, Talíria Petrone ainda ressaltou que "quebraram a placa de Marielle, mas não nos quebrarão". Ela ainda criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). "Se tivéssemos cassado Bolsonaro, não estaríamos vivendo o episódio mais triste da história contemporânea brasileira".
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