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'Governo errou na vacinação, mas crime depende de dolo', diz Pacheco

Rodrigo Pacheco disse que é necessário separar declarações de Bolsonaro de políticas do Ministério da Saúde - Reprodução/Youtube Roda Viva
Rodrigo Pacheco disse que é necessário separar declarações de Bolsonaro de políticas do Ministério da Saúde Imagem: Reprodução/Youtube Roda Viva

Do UOL, em São Paulo

01/03/2021 23h10Atualizada em 02/03/2021 09h14

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), apontou a demora na vacinação como erro do governo federal no combate à covid-19. Ele, no entanto, não quis se posicionar se isso poderia configurar crime de responsabilidade.

Durante todo o programa, mesmo pressionado diversas vezes, Pacheco manteve o discurso conciliador que predomina desde que assumiu a presidência do Senado e adotou um tom ameno em relação ao presidente Jair Bolsonaro.

O senador, que foi eleito para o comando do Congresso com apoio do presidente da República, disse que não se arrepende de ter votado em Bolsonaro no segundo turno em 2018 e evitou tecer críticas ao governo federal, mesmo em relação à condução do combate à pandemia de covid-19.

(O erro do governo) foi não ter sido ágil na questão da vacinação", afirmou. "Essa validação se é crime de responsabilidade ou não se dá no âmbito do processo, porque crime depende de dolo, depende da intenção de fazer", completou.

Mesmo apontando a falha, o senador fez a ressalva de que esta questão não é exclusiva do Brasil. "Houve o mesmo problema em diversos outros países, essas dificuldades são próprias de uma pandemia que pegou todos de surpresa", falou.

Pacheco defendeu que é necessário separar as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia das políticas propostas pelo Ministério da Saúde. Ele disse que confia no que disse o ministro Eduardo Pazuello de que estarão disponíveis 25 milhões de doses da vacina em março e 45 milhões em abril.

O presidente do Senado até admitiu que se ficasse doente, tomaria remédios sem eficácia comprovada para a covid-19, como cloroquina e ivermectina, caso fossem receitados por um médico.

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O presidente Jair Bolsonaro e os chefes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira
Imagem: Adriano Machado/Reuters

Senado vai avaliar CPI da covid

Rodrigo Pacheco afirmou que o Senado vai avaliar a CPI da covid "como todas as outras", mas mais uma vez preferiu não se comprometer e disse que não quer "ver o circo pegar fogo". "Não aceito nenhum teste de coragem sobre a minha presidência", reforçou sobre o assunto.

O pedido de abertura da CPI da covid já tem assinaturas suficientes para que ela seja instalada, mas ainda está na mesa de Pacheco esperando a autorização do presidente. Senadores de oposição consideram ir ao STF (Supremo Tribunal Federal) para pressionar pela abertura da Comissão. Pacheco, porém, negou que essa seja a maior pressão que vem sofrendo como presidente da Casa.

Urnas eletrônicas e o voto impresso

Em mais uma demonstração de conciliação em relação ao presidente Jair Bolsonaro, Pacheco não descartou que seja realizado um debate no Congresso sobre a possibilidade de implantação de um sistema de impressão de comprovante de votação.

Pacheco afirmou que tem plena confiança no sistema eleitoral brasileiro e que as urnas eletrônicas não deixarão de ser usadas nos pleitos do país. No entanto, ele considera que se a discussão sobre voto impresso existe na sociedade e é encabeçada pelo presidente da República ela deve encontrar espaço no legislativo.

Quando se lança por parte do presidente e com apoio de parlamentares uma ideia que inclusive já foi debatida em relação a votos impressos, eu não posso ser o dono da verdade para dizer que não vai ser discutido", disse.

Quando questiona as urnas eletrônicas, Bolsonaro costuma defender a impressão de um comprovante de cada voto. Na entrevista, Pacheco mencionou uma possibilidade diferente: "Quero crer que quando se fala da possibilidade de voto impresso, que seja impresso, não o voto daquela pessoa especificamente, mas a quantidade de votos naquela urna que se possa conferir o impresso com a realidade digital". O senador, porém, foi lembrado pelos entrevistadores de que isso já existe, é o boletim de urna.

Desde que as urnas eletrônicas passaram a ser usadas nos pleitos brasileiros, em 1996, nunca houve nenhum registro ou indício de fraude nas votações.