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Bolsonaro diz que 'namora' partido para ser 'dono' como opção ao Aliança

Eduardo Militão, Fábio Castanho e Nathan Lopes

Do UOL, em Brasília e São Paulo

08/03/2021 11h23

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje que "está namorando outro partido" como opção ao Aliança pelo Brasil, sigla que ele e seus apoiadores tentam viabilizar a tempo de participar das eleições de 2022. Segundo o presidente, ele seria o "dono" da legenda.

O UOL apurou que Bolsonaro conversou com a presidente do Partido da Mulher Brasileira (PMB), Suêd Haidar, sobre o tema. De acordo com a TV Record, Bolsonaro vai assumir o controle da legenda, mudar o nome dele e partir para as eleições 2022.

Duas fontes do PMB afirmaram ao UOL que o acordo está praticamente selado. Alguns militantes do partido passaram a se desfiliar por discordar da postura do presidente da República em relação às mulheres, como o advogado Jaime Fusco.

Mas, hoje, Bolsonaro mencionou apenas "namoro". No jardim do Palácio do Alvorada, uma apoiadora perguntou na manhã desta segunda-feira (8) se o partido que Bolsonaro quer criar, o Aliança pelo Brasil, "daria certo". O presidente respondeu:

Estou namorando outro partido, onde seria dono dele, como alternativa se não sair o Aliança"
Jair Bolsonaro, presidente

Bolsonaro ainda afirmou que, na política, é preciso "ficar ligado" com a possibilidade de ingressar em outro partido. "A burocracia é muito grande, não é apenas assinar, precisa certificar em cartório, uma complicação toda", disse.

Opções para 2022 são "velhas", diz presidente

Na conversa com apoiadores hoje, o presidente afirmou que as opções "novas" que se apresentam como candidatos ao Planalto em 2022 são "velhas". Atualmente, ventila-se a possibilidade de candidaturas do apresentador de TV Luciano Huck, do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o ex-governador Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT) e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Inelegível pela lei da Ficha Limpa, não se sabe se Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tentará uma disputa.

Bolsonaro disse que "as pessoas de bem têm que se apresentar para a política". "Qual o quadro você tem para 2022? Que gente nova você tem? Essas novas que têm aparecendo são velhas". Ao 65 anos, Bolsonaro está na política desde 1988. Atuou como deputado federal por 28 anos, em partidos do chamado "Centrão". Ele ainda transformou três filhos em parlamentares: Flávio, Eduardo e Carlos.

Bolsonaro alfinetou possíveis adversários em 2022, Doria, Ciro, Moro e Haddad. Ele disse que o governador de São Paulo foi ao Rio de Janeiro durante a campanha eleitoral de 2018, mas se negou a recebê-lo. "Acabou as eleições, ele foi cuidar da vida dele como candidato em 22. Ele se acha o..."

O presidente disse que, se tivesse morrido em 2018, o segundo turno seria entre Haddad e Ciro. "Você viu o irmão do Ciro Gomes lá em Sobral? 'Tem que prender agora, cassar alvará'."

Bolsonaro mencionou a reunião ministerial secreta de 22 de abril de 2020. Moro disse que ali estava a prova de o presidente tentou interferir na Polícia Federal. No encontro, o presidente disse que tentou "interferir" na PF do Rio de Janeiro porque não queria constrangimentos para seus amigos e familiares. Mas, para Bolsonaro, o vídeo da reunião não mostrou provas; portanto, seu ex-ministro Sergio Moro "caiu do cavalo".

Presidente se envolve em briga pelo comando do PSL

Bolsonaro foi eleito pelo PSL, mas deixou a sigla em seu primeiro ano de mandato. Ele brigou com o presidente da legenda, o deputado Luciano Bivar (PE), por causa do controle do partido. Uma parte do PSL deixou der ser aliada do presidente da República. A saída aconteceu ainda em 2019, no primeiro ano do governo.

A partir daí, Bolsonaro começou uma corrida para criar um partido às pressas, o Aliança pelo Brasil, na tentativa da sigla disputar as eleições municipais de 2020, mas não teve êxito.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do publicado na primeira versão, a reunião ministerial ocorreu em abril de 2020, e não em abril de 2022. A informação foi corrigida.