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Ex-ministro Abraham Weintraub diz que voltará ao Brasil, mas não cita data

Associação de Funcionários do Banco Mundial pediu novas investigações sobre Weintraub - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Associação de Funcionários do Banco Mundial pediu novas investigações sobre Weintraub Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

12/03/2021 21h30

O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub anunciou hoje que retornará ao Brasil, mas sem especificar em qual data. Ele está morando nos Estados Unidos, onde ocupa o cargo de diretor-executivo do Banco Mundial. Segundo publicou o jornal Folha de S.Paulo nesta semana, a Associação de Funcionários do Banco Mundial pediu novas investigações sobre Weintraub — desta vez por espalhar desinformação durante uma pandemia e fazer campanha política para um cargo eletivo no Brasil.

"Eu voltarei ao Brasil", escreveu ele, em caixa alta, no Twitter. "Vejo nas redes muitos amigos preocupados com minha segurança física, caso eu ponha os pés em minha Pátria! Podem contar comigo, mas eu preciso do apoio de todos vocês", acrescentou, em seguida.

Na carta enviada pela associação ao Comitê de Ética do banco, funcionários dizem que o comportamento do ex-ministro da Educação é "inaceitável" e que é preciso verificar se sua configuração é compatível com o código de conduta e os valores fundamentais da instituição.

No documento datado em 24 de fevereiro, são expostos críticas de Weintraub contra a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, sua defesa da cloroquina, medicamento ineficaz contra covid-19, e uma possível campanha eleitoral para o governo de São Paulo —o atual governador paulista, João Doria (PSDB), é um dos principais clientes do banco e também um dos maiores alvos do ex-ministro.

Weintraub ocupa o cargo de diretor-executivo do Banco Mundial desde julho do ano passado e foi reeleito em outubro.

Na instituição, o Brasil coordena o grupo formado por Colômbia, República Dominicana, Equador, Haiti, Panamá, Filipinas, Suriname e Trinidad e Tobago. "Os diretores-executivos não são funcionários do Banco Mundial. Eles são indicados ou eleitos pelos representantes de nossos acionistas", ressaltou a instituição.

Saída do governo Bolsonaro e do Brasil

Abraham Weintraub deixou o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) no dia 18 de junho do ano passado. O anúncio foi feito em vídeo ao lado do presidente e publicado nas redes sociais.

Poucos dias depois, dia 22, o ministro desembarcou nos Estados Unidos, em condições ainda não esclarecidas já que o país norte-americano estava com restrições de entrada de brasileiros por conta do coronavírus. Ele fez uma postagem agradecendo aos que o ajudaram a "chegar em segurança".

A indicação de Abraham Weintraub para a direção-executiva do Banco Mundial feita pelo governo brasileiro teria deixado vários funcionários da instituição revoltados.

A plataforma Sonar, do jornal O Globo, teve acesso a algumas mensagens de uma rede interna que mostram duras críticas ao ex-ministro da Educação. Os diálogos, expostos anonimamente, foram trocados há cerca de duas semanas.

Caso de racismo, fake news e STF

No ano passado, ele esteve na mira do inquérito que apura ameaças, ofensas e fake news disparadas contra integrantes da corte e seus familiares, e chegou a pedir cadeia para membros do STF.

No início de abril, Weintraub fez uma postagem no Twitter da capa do gibi da Turma da Mônica com o personagem Cebolinha, que troca a letra R pelo L em suas falas.

"Geopoliticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PedeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?", postou.

A publicação foi apagada horas depois. À epoca, a embaixada do país asiático no Brasil emitiu uma nota oficial repudiando a mensagem escrita por Weintraub. Na abertura do inquérito, o Ministério Público Federal. A China é o principal parceiro econômico do Brasil.