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'Nosso governo não respeita ninguém, e ninguém respeita o Brasil', diz Lula

Ex-presidente fez a afirmação em entrevista à CNN Internacional - Vinícius Nunes/Agência F8/Estadão Conteúdo
Ex-presidente fez a afirmação em entrevista à CNN Internacional Imagem: Vinícius Nunes/Agência F8/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

18/03/2021 16h39

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma avaliação da pandemia de covid-19 no Brasil e colocou a falta de coordenação nacional como principal motivo para o avanço da doença, numa crítica à gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Para Lula, as atitudes de Bolsonaro são o motivo da imagem negativa que o país tem passado no combate ao coronavírus.

"Nosso governo não respeita ninguém, e ninguém respeita o Brasil hoje", afirmou Lula em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, exibida hoje na CNN Internacional, nos Estados Unidos.

"Essa é uma doença que não tem controle no Brasil. Os governadores estão fazendo um tremendo esforço, os prefeitos estão fazendo esforços, mas o presidente da República não assume responsabilidade e está até prescrevendo remédios que não funcionam, que ninguém acredita", acrescentou o ex-presidente, em referência, principalmente, à cloroquina.

Lula admitiu que no início da pandemia governantes de vários países, incluindo o ex-presidente Donald Trump nos Estados Unidos, não sabiam como lidar com a doença, que não tinha a sua gravidade nem tratamento conhecidos até então. No entanto, o ex-presidente acredita que deveria ter sido criado um "protocolo nacional" contra a covid-19.

"A covid começou tendo um tratamento inadequado no Brasil e no mundo. O presidente [Bolsonaro] não acreditava na gravidade da pandemia, achou que era uma gripe e era contra o uso de máscaras", relatou Lula.

"Um bom administrador teria criado um comitê científico com governadores e autoridades da saúde para ter um protocolo nacional. E agora chegamos a quase 3 mil mortes diárias no Brasil", completou.

Trocas na Saúde

Lula também criticou as sucessivas trocas no Ministério da Saúde durante a pandemia. Nesta semana, Bolsonaro anunciou o cardiologista Marcelo Queiroga como novo ministro, em substituição ao general Eduardo Pazuello. Antes, o oncologista Nelson Teich e o ortopedista e ex-deputado federal Luiz Henrique Mandetta passaram pela pasta. O ex-presidente citou a campanha de vacinação contra a covid-19, que caminha a passos lentos.

"Nós não temos vacinas para todo mundo, e ele substituiu três ministros da Saúde em um ano. E colocou um general que entendia de logística no Exército, mas não entendia nada de assuntos de saúde. E no Brasil temos muita qualidade, com muitos médicos que podiam ser ministros, e ele não ouve ninguém. Ele prefere acordar às 4h da manha e falar suas mentiras pelas redes sociais", disse Lula.

O ex-presidente afirmou que se Bolsonaro "quisesse falar sério" sobre a pandemia, ele reservaria dinheiro para a Saúde, financiaria a ajuda a pequenas e médias empresas e faria investimentos em infraestrutura para gerar empregos.