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Confederação Israelita vai denunciar Roberto Jefferson por post antissemita

O ex-deputado Roberto Jefferson participa do protesto pró-armas na Esplanada dos Ministérios - Pedro Ladeira/Folhapress
O ex-deputado Roberto Jefferson participa do protesto pró-armas na Esplanada dos Ministérios Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

21/03/2021 09h51

A Conib (Confederação Israelita no Brasil) anunciou que está preparando notícia-crime contra Roberto Jefferson, ex-deputado federal e atual presidente do PTB, por postagem antissemita nas redes sociais. No Instagram, Jefferson associou a comunidade judaica ao infanticídio —assassinato de crianças.

"Roberto Jefferson divulgou em seu perfil no Instagram mensagem abertamente antissemita evocando uma das formas mais vis de atacar os judeus, o infanticídio. A postagem caracteriza crime de racismo, com aumento de pena pelo fato de ter sido praticado por intermédio de rede social", diz a Conib, por nota.

O post, que não está mais no ar, mostrava um corpo de homem com cabeça de bode segurando uma criança. Dizia que era uma "deidade satânica" e que "judeus sacrificavam crianças para receber sua simpatia. Hoje, a história se repete".

A Conib também pediu a remoção do post do Instagram e a punição do perfil. Em julho do ano passado, Roberto Jefferson já teve sua conta no Twitter bloqueada por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida foi justificada pela necessidade de 'interromper discursos criminosos de ódio'.

"Todo crime de racismo é repugnante e deve ser punido com o máximo rigor da lei. A história já nos mostrou, da forma mais dura e bárbara, como o racismo e o discurso de ódio são responsáveis pelos episódios mais terríveis da humanidade", continua a Conib.

Jefferson criticou a Conib pelo Twitter --onde criou uma nova conta. "Que palhaçada, que falta do que fazer. Fiz uma comparação de passagens do Antigo Testamento, quando os judeus de Canaã adotaram deuses pagãos que exigiam sacrifícios de crianças. Comparei com o sacrifício de crianças na atualidade, para a retirada de órgãos e soro da longevidade", escreveu.

Ataque ao governador do RS

Na última sexta-feira (19), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), também anunciou que recorreu ao Ministério Público para processar Roberto Jefferson por injúria e homofobia. O ex-deputado chamou o governador tucano de "viado". "Injúria, homofobia, agressão que não é exclusivamente a mim, mas a toda sociedade", disse o governador.

Apoiador de Bolsonaro

Roberto Jefferson é um apoiador do presidente Jair Bolsonaro. Em julho de 2020, convidou o presidente --hoje sem partido-- a disputar a reeleição pelo PTB. Bolsonaro já foi filiado ao partido, entre 2003 e 2005.

Bolsonaro também já sinalizou concordância com Roberto Jefferson. Em abril passado, o presidente fez uma transmissão ao vivo em que aparecia assistindo a uma live de Roberto Jefferson. No vídeo, Jefferson acusou o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de arquitetar um "golpe parlamentarista".

Jefferson se tornou conhecido por denunciar o esquema do mensalão, no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Jefferson, que era deputado federal, estava envolvido no esquema. Em 2005, teve o mandato cassado. Em 2013, foi condenado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva.