Pressionado, Ernesto exalta convite de Biden e fala em "agenda ambiental"
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, exaltou hoje o convite feito pelo presidente americano, Joe Biden, para que Jair Bolsonaro (sem partido) participe da Cúpula de Líderes sobre o Clima, que será realizada nos dias 22 e 23 de abril. Para o chanceler, que tem sido pressionado a deixar o cargo devido a críticas na condução da diplomacia brasileira, o gesto do comandante dos EUA seria um sinal de reconhecimento.
Um dos pontos que fundamentam o lobby pela demissão do ministro, sobretudo no Congresso Nacional, é justamente a questão ambiental. Críticos avaliam que a imagem do Brasil em relação à comunidade internacional foi duramente afetada pelo viés ideológico que Ernesto tem demonstrado desde que assumiu o cargo —ele se diz abertamente um adepto dos pensamentos de Olavo de Carvalho, guru de extrema direita.
Em pouco mais de dois anos de mandato, o governo Bolsonaro enfrentou sucessivas crises na área ambiental. As mais graves foram as queimadas na Amazônia e na região do Pantanal. O assunto repercutiu, inclusive, durante a eleição nos Estados Unidos, quando Joe Biden, candidato democrata, afirmou que, se eleito na disputa contra Donald Trump, poderia aplicar sanções ao Brasil.
Além dos assuntos referentes ao meio ambiente, Ernesto também tem sido bombardeado por críticas relacionadas à atuação do Itamaraty no processo de aquisição de vacinas e ações de apoio ao enfrentamento à pandemia do coronavírus.
Apesar de exaltar o convite feito por Biden, Ernesto não esclareceu se o presidente brasileiro pretende aceitá-lo ou não. A relação entre Bolsonaro e o governante americano não é das mais harmoniosas. À época da corrida eleitoral nos EUA, Bolsonaro manifestava publicamente "apoio" à reeleição de Trump, a quem considerava um aliado.
Segundo o jornal "Estado de S.Paulo", o chanceler afirmou a auxiliares, na sexta-feira (26), que teria obtido uma "sobrevida" no comando do Itamaraty, apesar da intensa cobrança para que ele renuncie ou seja demitido. O tuíte endereçado ao embaixador Todd Chapman ocorre um dia depois.
Ernesto participou ontem da reunião de 30 anos do Mercosul, ao lado de Bolsonaro. Diplomatas ouvidos pelo "Estado de S.Paulo" afirmam que Araújo continua trabalhando, na tentativa de baixar a poeira e delimitar as responsabilidades do Itamaraty diante das cobranças pela escassez de vacinas.
O ministro que obter resultados concretos e propagandear a chegada de insumos vindos da China para fabricação de 32 milhões de doses de vacina pela Fiocruz.
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