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Caso Henry: Vereadores defendem afastamento imediato de Jairinho e Câmara

Igor Mello

Do UOL, no Rio

08/04/2021 15h56

Na primeira sessão plenária após a prisão do vereador Dr. Jairinho (SDD-RJ) sob a acusação de ter assassinado o menino Henry Borel, diversos vereadores defenderam que a Câmara do Rio suspenda os trabalhos regulares e decida afastar imediatamente o colega do cargo.

Jairinho e Monique Medeiros, namorada do vereador e mãe do menino, foram presos na manhã desta quinta-feira (8) em Bangu, na zona oeste da capital. De acordo com a investigação da Polícia Civil, os dois responderão por "homicídio duplamente qualificado com emprego de tortura". Após pressão dos vereadores, o presidente da casa, Carlo Caiado (DEM-RJ) decidiu cancelar as votações do dia e antecipou a reunião do Conselho de Ética que discutirá a situação de Jairinho —ele é membro do colegiado e deve ser afastado dessa função.

Todos os vereadores que discursaram na sessão comentaram o crime. Parte dos parlamentares defenderam a suspensão dos trabalhos —há a previsão de que fosse votado o aumento da alíquota previdenciária dos servidores públicos.

Primeiro a falar, o ex-prefeito Cesar Maia (DEM-RJ), comparou os maus tratos sofridos pela criança ao que viveu durante a Ditadura Militar:

"Fiz uma retrospectiva da minha vida e vou dizer: Nem em 1968 e1969 quando eu estava preso no DOPS [Departamento de Ordem Pólitica e Social] de Belo Horizonte, as torturas que aconteceram ali. Nada parecido com o que o delegado chamou de tortura de uma criança de 4 anos para um par nosso, um vereador", comparou.

Membro da Comissão de Ética da Câmara, Chico Alencar (PSOL-RJ) foi o primeiro a propor a suspensão dos trabalhos: "A rigor, diante de tal episódio dramático, absurdo, violento e das evidências de que esse crime foi cometido por um membro dessa casa devíamos, em primeiro lugar, suspender a ordem do dia. E nos dedicarmos com a gravidade, a sobriedade e a pungência que um caso desses requer, a discutir essa questão", defendeu.

O regimento interno da Câmara Municipal estabelece que um vereador preso perde imediatamento o direito ao salário. Contudo, só fica suspenso do mandato após 30 dias afastado. Já a perda definitiva do mandato só ocorre após 120 dias de prisão. Também integrante do conselho, Teresa Bergher (CIDADANIA-RJ), defendeu que a regra seja alterada imediatamente.

"Nós temos que mudar o regimento hoje, sim. E se nós quisermos, nós mudamos. Que façamos sessão extraordinária. Não importa, o regimento tem que ser mudado. O que não pode é essa casa se omitir diante de uma realidade que atinge todos nós. Acho que nunca na história dessa casa teve algo tão cruel, que afrontasse e machucasse tanto a sociedade", pregou.