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'Não trabalho com pesadelo', diz Mandetta sobre votar em Bolsonaro ou Lula

Mandetta não quer escolher entre Bolsonaro e Lula em 2022 - UESLEI MARCELINO
Mandetta não quer escolher entre Bolsonaro e Lula em 2022 Imagem: UESLEI MARCELINO

Colaboração para o UOL

08/04/2021 08h10

Ao assinar um documento a favor da democracia na última semana, Luiz Henrique Mandetta (DEM) se aproximou publicamente de nomes grandes de uma possível terceira via política, como João Doria (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e João Amoedo (Novo). Em entrevista para O Globo, o médico respondeu sobre ter que decidir entre Jair Bolsonaro (sem partido) e Lula (PT) na próxima eleição presidencial: "Eu não trabalho com pesadelo, não".

O ex-ministro da Saúde, que atuou no primeiro momento da pandemia, vê muitas semelhanças entre os dois candidatos em potencial, apesar de estarem em pontos opostos do espectro político. "Ambos são incapazes (de dialogar). Em todos os temas, eles querem dividir a sociedade. Os dois adoram programas assistenciais. São incapazes de entender que o melhor programa é a geração de emprego, é a liberdade das pessoas. Ambos gostam muito de serem detentores dos polos mais frágeis para a capitalização política", afirmou.

Ainda constatando afinidades entre os rivais políticos, Mandetta citou que os dois fizeram "grosseria" com o Congresso. "O Lula foi lá e falou: eu vou pagar uma mesada, e fez o mensalão. O Bolsonaro entrou, brigou, brigou. Não conseguem dialogar com as forças que são mais passíveis de conversar", completou.

Embora faça críticas a Lula e Bolsonaro, o médico disse não ter nada contra eles. "Só estou constatando uma parcela enorme da população, mais de 54% nas pesquisas, que não querem votar nem em um nem em outro. Estou nesse grupo", falou. Para ter uma terceira opção de sucesso, Mandetta acredita que é preciso alguém capaz de se entender com o "radical do Bolsonaro e o radical petista".

Além de Doria, Ciro e Amoedo, o documento assinado na última semana pelo ex-ministro da Saúde contou com a colaboração de Eduardo Leite (PSDB) e Luciano Huck. Mandetta explicou que eles se reuniram porque sentiram que a democracia foi ameaçada e revelou que os seis estão planejando se unir em 2022. Mais uma vez, ele ressaltou a importância da comunicação para governar o Brasil. "Quem não tiver capacidade de dialogar não vai conseguir liderar o país. Os outros dois polos extremos não são polos de diálogo. São duas agendas impostas goela abaixo. O Ciro é um democrata. Ele argumenta, escuta. Os pontos de convergência são muito maiores", continuou.

Outro ponto comentado pelo médico foi o projeto, aprovado pelo Congresso, que permite compras de vacina pela iniciativa privada. Mesmo com 3.733 óbitos nas últimas 24 horas, totalizando 341.097 vítimas de covid-19 no Brasil, e curva de ascensão no número de mortes, Mandetta acredita que a proposta é errada. "Não tem nenhum nexo, nem ético, nem do ponto de vista de saúde pública, nem do ponto vista econômico", disse.

Segundo ele, quem se vacinará a partir dessa proposta são pessoas entre 18 e 35 anos e não quem está "entupindo o hospital, que está morrendo, e é ele que está parando a economia". Para o ex-ministro da Saúde, esse equívoco é igual ao de imunizar caminhoneiros e policiais. "A vacinação é para ser feita pelo risco epidemiológico, não pelo risco ocupacional", falou.