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Em carta ao papa, Kátia Abreu pede apoio a isolamento e quebra de patentes

Senadora Kátia Abreu enviou carta ao papa Francisco - Moreira Mariz/Senado
Senadora Kátia Abreu enviou carta ao papa Francisco Imagem: Moreira Mariz/Senado

Luciana Amaral*

Do UOL, em Brasília

08/04/2021 14h13

Em carta enviada ao papa Francisco, a presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu (PP-TO), pediu que ele apoie o distanciamento social, com incentivo ao fechamento parcial e integral de cidades em casos de crise sanitária mais graves, reforce a necessidade de medidas sanitárias e peça junto a organismos internacionais, governos influentes e grandes corporações privadas que quebrem as patentes de vacinas contra a covid-19.

Kátia está entre os principais senadores críticos à condução do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em meio à pandemia do coronavírus. Nos últimos meses, ela vem criticando a morosidade da União para a compra de imunizantes e falas do presidente que estimulam aglomerações, por exemplo. Foi ainda uma das senadoras que mais pressionaram pela demissão de Ernesto Araújo do comando do Ministério das Relações Exteriores por ações consideradas insuficientes ao combate da pandemia.

Na carta ao papa, Kátia afirma que "impera" no Brasil hoje um "ambiente onde a discórdia e as disputas políticas se sobrepõem à busca do bem comum" e que discussões "pueris, sobre questões que há muito deveriam estar mais do que aplainadas, nos confundem e abatem, escurecendo a consciência de nosso povo". Por isso, afirma, pede ajuda ao Pontífice, lembrando que o Brasil, "a maior nação católica do mundo", já soma mais de 330 mil mortos pelo novo coronavírus.

"Imploro ao coração misericordioso de Vossa Santidade para que fale ao povo brasileiro sobre a necessidade do uso de máscaras e da constante higienização das mãos, sobre a importância do distanciamento físico e sobre a importância de manter os ambientes arejado. Fale também, querido e bondoso pastor, sobre como é vital, em casos de crise sanitária aguda, o fechamento parcial ou integral de cidades - chamado 'lockdown" - para evitar que o vírus se disperse e mate ainda mais inocentes", diz trecho do texto.

Ela solicita ainda que o papa fale não somente a católicos, mas também a ortodoxos, protestantes, muçulmanos, budistas, por exemplo, e "àqueles que ainda procuram respostas, para que possam saber que não se trata de uma discussão entre ideologias, entre opções políticas".

Em relação às vacinas, o pedido é que o papa "conclame" organizações e governos poderosos a abrirem as patentes dos imunizantes contra a covid-19 e a compartilharem os produtos com todos os países em desenvolvimento.

A carta foi enviada hoje e deve ser entregue à Santa Sé por meio da Embaixada do Brasil no Vaticano.

A senadora também já articulou carta à OMS (Organização Mundial da Saúde) para o recebimento de mais vacinas contra a covid-19 ao Brasil por meio do consórcio Covax Facility e moção de apelo à comunidade internacional.