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Deputadas da CCJ acusam Éder Mauro e Eduardo Bolsonaro de machismo

Deputadas criticaram falas machistas de Eduardo Bolsonaro e Éder Mauro na reunião da CCJ - Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Deputadas criticaram falas machistas de Eduardo Bolsonaro e Éder Mauro na reunião da CCJ Imagem: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Agência Câmara de Notícias

14/04/2021 13h50

O tema machismo gerou polêmica na reunião da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) de ontem. Falas do deputado Delegado Éder Mauro (PSD-PA) em reunião da CCJ da semana passada e uma postagem do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) em rede social provocaram o repúdio de deputadas presentes ao encontro de hoje.

Na semana passada, durante discussão a respeito da decisão da presidente da CCJ, deputada Bia Kicis (PSL-DF), de retirar das notas taquigráficas menções à palavra "genocida", em referência ao presidente Jair Bolsonaro, o deputado Delegado Éder Mauro afirmou que a deputada Maria do Rosário (PT-RS) precisaria de um médico e de remédio.

"Eu acho que vou chamar um médico para a Maria do Rosário, porque ela não para de falar. Já chegou o remédio da Maria do Rosário? Porque ela continua esbravejando lá do outro lado, sra. presidente", disse o deputado.

No momento dessa fala, houve uma falha na transmissão para as deputadas que acompanhavam a reunião por meio eletrônico, e por isso elas não tiveram acesso imediato às declarações do parlamentar.

O deputado Eduardo Bolsonaro, por sua vez, publicou em sua conta no Twitter vídeo de trecho da fala do deputado, com legenda que falava de "gaiola das loucas" e "pessoas portadoras de vagina", referindo-se às deputadas que debatiam com Delegado Éder Mauro.

A deputada Maria do Rosário considerou o post "um escárnio" e defendeu a atuação das mulheres da comissão.

"Eu estou lutando, nesta comissão, para que as pessoas sobrevivam, tenham vacina. Nós trazemos para cá a qualidade da nossa atuação, da atuação de mulheres que se forjaram lutadoras e que não se dobraram ao pai e não se dobrarão ao filho", respondeu, referindo-se a Jair e Eduardo Bolsonaro, respectivamente.

Para a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS), as falas de Delegado Éder Mauro foram machistas e atentam contra mulheres na política e de forma geral.

"Não imaginava que ele ia vociferar — pelo histórico, talvez, não seja uma novidade — contra as mulheres, atacando todas as mulheres, parlamentares e não parlamentares, 'patologizando' o nosso gênero e também as nossas intervenções políticas", disse.

A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) pediu que ambos os deputados pensassem nas mulheres de suas famílias.

"Eu fico me perguntando: quando um deputado abre a boca para falar essas asneiras, essas aberrações, ele não consegue em nenhum momento pensar na sua esposa, nas suas filhas, na sua mãe, nas suas irmãs? É muito dolorido tudo isso. E depois você assistir a um outro deputado federal dizer que as mulheres desta comissão se comportavam como numa gaiola das loucas", lamentou.

Versão dos deputados

O deputado Delegado Éder Mauro respondeu: para ele, não há machismo em sua fala.

"Eu não vejo a questão de chamar o médico relacionada com a questão machista, até porque eu não sou médico. Ficou evidente, inclusive não só para mim, que o estado emocional da deputada estava muito alterado. Elas também já pediram médico para mim, e eu nunca fiz nenhuma relação com questão de gênero, com questão de feminismo", disse ele em sua defesa.

O deputado Eduardo Bolsonaro utilizou exemplos de reportagens que usam o termo "pessoas com vagina" para abarcar, além das mulheres, o universo das pessoas trans e não binárias, para fazer uma comparação com sua fala.

"A crítica que estão fazendo a mim, na verdade, é um ataque deliberado. A esquerda se faz de sonsa. No meu tuíte, eu nada mais fiz do que repetir a palavra que a própria esquerda utiliza. Senão, vejamos: Carta Capital, de setembro do ano passado: 'Câncer de colo para pessoas com vagina, o que você precisa saber?'; Portal Drauzio Varella: 'A candidíase atinge até 75% das pessoas com vagina'", justificou.

Nesta terça-feira, a CCJ iniciou a discussão de uma proposta (PL 2506/20) que aumenta a pena para o crime de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais. O debate, no entanto, foi interrompido pelo início das votações em Plenário.

No Plenário, deputadas voltaram ao tema e registraram indignação com relação ao ocorrido.