Bolsonaro diz que não pode interferir no Senado e volta a criticar Barroso
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje, em conversa com apoiadores, que "não pode e nem iria" interferir no Senado Federal para atrapalhar a criação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre a conduta do governo federal na pandemia do novo coronavírus.
Citando a conversa que teve com o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO), Bolsonaro voltou a atacar o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), que em decisão monocrática determinou a instalação da comissão.
Bolsonaro fez a declaração ao se referir à conversa divulgada por Kajuru na qual o presidente dá a entender que, se houvesse pedidos de impeachment contra ministros do STF, a instalação da comissão poderia ser interrompida. Na gravação, Bolsonaro também cobrou que a CPI, se instalada, trabalhasse para apurar a atuação de prefeitos e governadores.
Eu não vou interferir, nem posso, nem iria interferir no Senado Federal
Jair Bolsonaro, presidente da República
Ontem, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), anunciou que a comissão vai investigar ações e eventuais omissões do governo federal em meio à pandemia, além de fiscalizar recursos da União repassados a estados e municípios.
Na conversa com os apoiadores, Bolsonaro ainda se referiu ao ataque que fez contra Barroso na última sexta-feira (9), reforçando suas críticas.
"Daí eu até falei naquele momento, ué, porque o Barroso não determina que se investigue colegas seus no STF, já que tem processo de impeachment? Por que só para cima de mim? Que Supremo é esse? Não quero falar do Supremo, quero falar que ministro é esse?", questionou.
"É uma interferência, sim, desse ministro junto ao Senado para me atingir. Agora, repito: a temperatura está subindo e a população está em uma situação cada vez mais complicada", afirmou.
Apesar da cobrança de Bolsonaro para que Barroso determine a abertura de processo de impeachment contra colegas, um ministro do Supremo não pode tomar decisões sem que tenha sido provocado por uma ação movida junto à corte, como foi o caso do pedido feito no caso da CPI da Covid.
Conversa com Kajuru
Bolsonaro ironizou a conduta de Jorge Kajuru, reafirmando que não tinha conhecimento da gravação. Ele fez um paralelo do episódio com a divulgação da reunião ministerial de abril de 2020 depois que o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, acusou o presidente de tentar interferir na PF (Polícia Federal).
"Aí me liga o Kajuru. Conversou comigo, conversei com ele, daí no dia seguinte me liga novamente. Olha, tem aqui uns trechos ofensivos. Fiquei quieto, falei o cara me gravou. Vou falar o que com ele? Fiquei quieto, desliguei o telefone. Daí falei: 'divulga tudo, não tem problemas'. Igual aquela reunião secreta, lembra? 29 palavrões. Aí cria-se esse clima de animosidade", disse.
Na conversa, Bolsonaro ainda criticou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor da proposta da CPI. Na gravação divulgada por Kajuru, o presidente já tinha atacado Randolfe, dizendo que teria que 'sair na porrada' com o senador
"Igual agora, CPI contra Covid. Alguma notícia de desvio da minha parte? O autor da proposta da CPI, Randolfe Rodrigues, (quer) apurar as omissões do presente? (é) fazer palanque", disse.
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