Governistas tentam suspender reunião de CPI e barrar Renan como relator
Senadores governistas tentaram suspender a primeira reunião da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, sem sucesso, e barrar a possível indicação de Renan Calheiros (MDB-AL) como relator do colegiado.
Logo no início da reunião, um dos principais comandantes do centrão, atual base aliada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Ciro Nogueira (PP-PI) pediu que os trabalhos fossem suspensos alegando haver membros da CPI da Covid que também são integrantes de outras comissões parlamentares de inquérito, como a da Chapecoense. A situação fere o regimento interno da Casa, afirmou.
"Acho que tem que suspender a CPI até que esse vício insuperável seja sanado", disse Nogueira.
Essa primeira reunião da CPI foi comandada pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), por ser o mais velho entre seus membros. Otto negou o pedido e questionou o motivo pelo qual o colega não havia questionado isso antes ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que designou os membros após indicação de líderes partidários. Para Otto, Nogueira estava "querendo dificultar a instalação da comissão".
Senadores independentes e de oposição defenderam que, fora a CPI da Covid agora, nenhuma outra comissão do tipo está realmente em funcionamento hoje no Senado. Portanto, não haveria qualquer impedimento.
Outra linha de frente fortemente levantada pelos governistas hoje é para barrar que Renan Calheiros seja indicado como relator da CPI, como prevê acordo entre a maioria dos membros, formada por independentes e oposicionistas.
O nome de Renan como relator desagrada ao Planalto. Renan tem atirado contra o governo nos últimos meses, é pai do governador de Alagoas e é visto pela base de Bolsonaro como alguém que buscará blindar os mandatários estaduais.
Liminar da Justiça ontem barrou que Renan fosse escolhido como relator, atendendo a um pedido da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), da base bolsonarista na Câmara, mas nova decisão de hoje pela manhã já a revogou.
De qualquer maneira, a maioria dos senadores pretendia ignorar a primeira decisão judicial que barrava Renan na função. Otto Alencar lembrou que Rodrigo Pacheco afirmou que a liminar não seria acatada por entender que o assunto cabe somente ao Senado, sem interferência de um juiz, e que a própria decisão estaria errada. Isso porque ela proíbe que Renan seja eleito, mas o relator é indicado pelo presidente da comissão, não votado.
A intenção dos senadores independentes e de oposição é eleger o presidente e vice da comissão hoje - Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), respectivamente. Em seguida, que Omar indique Renan como relator e este apresente um plano de trabalho. A tendência é que o plano só seja votado amanhã. Há a possibilidade de que requerimentos, como para a realização de depoimentos, já sejam recebidos.
Durante os trabalhos na CPI, o governo federal vai tentar apontar um mau uso de verbas da União por estados e municípios. E, para isso, até montou uma tropa de choque formada por senadores, ministros e auxiliares dentro do Palácio do Planalto.
Já a oposição vai se focar no negacionismo do Bolsonaro, no atraso na compra de vacinas, na falta de remédios e nos gastos da União com medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da covid-19, como a cloroquina.
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