Tribunal Witzel: 'Comando contaminado por vírus da corrupção', diz acusação
O deputado estadual Luiz Paulo (Cidadania-RJ) afirmou, durante sustentação oral da acusação no julgamento do processo de impeachment contra Wilson Witzel (PSC), que o governador afastado participou ativamente do esquema de corrupção descoberto na área da saúde durante a pandemia de covid-19.
Ele defendeu que Witzel seja condenado por crime de responsabilidade —que resultaria na perda do mandato— e que fique por cinco anos inabilitado para exercício de quaisquer funções públicas. Segundo o parlamentar, que elaborou o pedido de impeachment aberto pela Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) ao lado da colega Lucinha (PSDB-RJ), toda a cadeia de comando da saúde estava envolvida no esquema.
"O planejamento foi tosco, as ações erráticas. A organização precária serviu de arcabouço para se instituir uma estrutura hierárquica incompetente e corrupta. O comando na área da saúde estava contaminado pelo vírus da corrupção", disparou.
Ele ainda destacou que, segundo depoimentos de presos nas investigações, Witzel teria recebido propina de contratos fraudulentos firmados na Secretaria de Saúde.
"O governador também agia em consonância com membros da caixinha da propina. Tendo participação na mesma segundo depoimento do senhor Edson Torres", apontou, referindo-se ao empresário que teve contratos com o governo.
O deputado definiu o comportamento de Witzel como "improbo". Luiz Paulo também afirmou que as investigações revelaram "uma caixinha da propina irrigada por OSs [organizações sociais] da saúde". "Foi instituída uma plutocracia corrupta."
O deputado Luiz Paulo afirmou que as falhas na construção dos hospitais de campanha geraram mortes durante a pandemia de covid-19.
"A tragédia da falta de planejamento, associada à endemia da corrupção, levou a que somente dois hospitais fossem concluídos. E efetivamente tenha funcionado o do Maracanã, e assim mesmo com atendimento muito aquém do previsto. Com perdas evidentes de vidas e também para os cofres públicos".
O Tribunal Especial Misto —formado por cinco desembargadores e cinco deputados estaduais— decidirá hoje se Witzel perde ou não o mandato. No começo da audiência, foi decidido que o relator do processo, o deputado Waldeck Carneiro (PT-RJ), será dispensado da leitura de seu relatório, com mais de 300 páginas. A medida tem como objetivo dar celeridade ao julgamento.
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