Discurso de fraude nas urnas eletrônicas é político, diz Barroso
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou nesta sexta-feira (14) que "é um discurso político" a alegação de que há fraudes nas urnas eletrônicas no Brasil. A declaração foi dada na sede da corte, em Brasília, no lançamento de uma campanha que defende a integridade dos equipamentos e do processo eleitoral.
"Eu entendo e respeito quem defenda o voto impresso. Agora, para dizer que tem fraude é preciso botar as armas na mesa e dizer quais são as provas. Senão, é retórica puramente política e nem me cabe comentar", declarou Barroso. O ministro preferiu não atacar diretamente o presidente Jair Bolsonaro, que já lançou suspeitas várias vezes sobre segurança das urnas.
O evento ocorreu um dia depois de a Câmara dos Deputados instalar uma comissão especial para discutir uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que torna obrigatória a impressão. Em discurso ao lado de Bolsonaro no mesmo dia, em Maceió, o presidente da Câmara, Arthur Lira (MDB-AL), defendeu a aprovação do projeto.
Monitoramento externo
Barroso anunciou ainda que o TSE vai compor uma comissão externa para monitorar as eleições. Este grupo, segundo Barroso, será composto por universidades, entidades da área de tecnologia da informação, organismos da sociedade, órgãos de controle e o Congresso. A ideia é que o colegiado seja formado no segundo semestre desse ano para estar ativo nas eleições do ano que vem.
O carro-chefe da campanha lançada nesta sexta é um vídeo, com pouco menos de 15 minutos de duração, apresentado pelo próprio ministro. Na peça, ele afirma que o processo eleitoral já é auditável de várias maneiras e detalha nove medidas que já existem para auditar o resultado registrado nos equipamentos.
"Não há nenhuma comprovação razoável de fraude. É nisso que se quer mexer? Em time que está ganhando?", questionou o ministro a respeito da PEC do voto impresso, que será analisada no Congresso. De autoria da deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), a proposta precisa ser aprovada por três quintos dos votos, tanto na Câmara quanto no Senado.
Barroso se disse abertamente contra o projeto. Ele argumentou, entre outros pontos, que a mudança custaria caro (cerca de R$ 2 bilhões, segundo estimativa do TSE), aumentaria os riscos de problemas técnicos no dia da eleição e abriria mais brechas para a judicialização dos resultados.
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