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Bolsonaro diz que tomou cloroquina de novo, sem recomendação médica

Do UOL, em São Paulo

20/05/2021 20h42Atualizada em 20/05/2021 21h46

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje que voltou a tomar hidroxicloroquina, comprovadamente ineficaz contra a covid-19, após se sentir mal há algumas semanas. Ele reconheceu não ter tido acompanhamento médico para a tomada de decisão e informou ter realizado teste para coronavírus, que deu negativo.

"Aquele negócio que o pessoal usa para combater malária, usei lá atrás, em junho, julho, e no dia seguinte estava bom. E vou dizer mais: há poucos dias estava me sentindo mal e, antes mesmo de procurar um médico, olha que exemplo estou dando, eu tomei aquele remédio. Fiz exame e não estava [com covid-19], mas por precaução eu tomei", disse Bolsonaro durante sua live semanal, transmitida de Imperatriz (MA).

A hidroxicloroquina nunca teve sua eficácia comprovada para a doença, e desde dezembro de 2020 seu uso é inclusive contraindicado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para pacientes com covid-19. Esta semana, o Conitec, órgão técnico do Ministério da Saúde, também passou a contraindicar a substância em casos hospitalares da doença.

Já faz algum tempo que o presidente tem evitado falar o nome do medicamento durante suas transmissões ao vivo. Isso porque o YouTube e o Facebook têm removido conteúdos que indiquem a cloroquina para tratar pacientes de covid-19.

Qual é o problema? Vai esperar sentir falta de ar para ir ao hospital? Vai ser intubado. O que eu acho é que aquele cara, não vou falar do médico, ele tem autoridade. Mas aquela pessoa que fica dizendo que é contra esse remédio que ofereci para ela um tempo atrás, mas não apresenta alternativa, é um canalha.
Jair Bolsonaro, durante live de 20/05/2021

O presidente ainda elogiou o depoimento de seu ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, à CPI da Covid e voltou a fazer ataques ao relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL). Segundo Bolsonaro, o general foi "muito bem", mas a CPI, que investiga a atuação do governo federal no combate à pandemia, é um "vexame nacional".

"Fiquei sabendo que o Pazuello foi muito bem, mas a CPI continua sendo um vexame nacional. Não querem investigar o desvio de recursos, querem falar sobre [cloroquina]... Não vou falar o nome para não cair a live", criticou.

Bolsonaro também endossou as ofensas a Calheiros feitas por seu filho, senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) — que na semana passada chamou o relator da CPI de "vagabundo" —, e sugeriu que outros senadores também o são.

"Agora, o coletivo daquilo que Flávio falou se chama súcia, só para o pessoal começar a entender. O pessoal que acompanha o relator integra uma súcia, um conjunto de pessoas desocupadas, que não têm o que fazer. Estão apurando o quê?", questionou. "Já foi por terra a questão da [vacina da] Pfizer. Queria que o Pazuello comprasse? Eu falei para comprar, desde que fosse aprovada pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]."