PT apoia impeachment e continua articulando campanha de 2022, diz Gleisi
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse hoje ao UOL que o partido apoia o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e negou que interesse à legenda manter Bolsonaro no poder para as eleições em 2022.
A deputada federal pelo Paraná discursou ontem durante a manifestação pelo impeachment do presidente na avenida Paulista, em São Paulo, que reuniu milhares de pessoas.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, não foi e não fez —até a noite de hoje— qualquer comentário em suas redes sociais sobre o ato.
Questionada se esse afastamento de Lula seria uma estratégia eleitoral para não se desgastar até as eleições do ano que vem, Gleisi rebateu.
"Isso é absurdo. Não tem nenhuma avaliação dessas no PT. Enquanto Bolsonaro estiver lá, será a encarnação da crise na cadeira presidencial. A luta contra o governo Bolsonaro pelo impeachment não está relacionada a uma candidatura do Lula em 2022. O PT é pelo impeachment, sempre deixou isso claro", disse.
"É claro que queremos que ganhe o setor progressista [em 2022], mesmo que tenha impeachment, continuaremos articulando uma proposta progressista até porque, com impeachment, fica [o vice-presidente, Hamilton] Mourão no governo", concluiu.
Sobre a ausência de Lula no ato, a petista disse que não conversou com o ex-presidente sobre participar da manifestação e voltou a citar o impeachment.
"Eu não conversei com o ex-presidente sobre isso, mas vi o Lula em todas as manifestações, nas camisetas, nos cartazes. A questão do impeachment não está ligada à questão do Lula. Temos de crescer a pressão sobre o Congresso para fazer o [presidente da Câmara dos Deputados, Arthur] Lira colocar o pedido para ser analisado."
A mais recente pesquisa Datafolha apontou que Lula passaria do primeiro turno das eleições presidenciais com 41% dos votos contra 23% de Bolsonaro. No segundo turno, segundo a pesquisa, o petista ganharia com ampla vantagem de 55% contra 32% de Bolsonaro.
O líder do governo federal na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), também comentou as manifestações de ontem. Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele disse que a "polarização está consolidada" e que "a tendência é Lula e Bolsonaro no segundo turno".
Para Gleisi, no entanto, é preciso esperar a chegada das eleições para saber se Bolsonaro poderá concorrer já que, para a deputada, a chance de impeachment está crescendo.
"Primeiro, [haverá segundo turno entre Lula e Bolsonaro] se Bolsonaro chegar lá. Acredito, sinceramente, que pelo rumo da CPI, pelo tamanho das manifestações e pelo reforço das articulações, acho provável que tenhamos um processo de impeachment no país. E, se [Bolsonaro] chegar lá [em 2022], nós vamos enfrentar também", afirmou a presidente do PT.
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