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'Prioridade do governo federal nunca foi vacinar', diz senador Otto Alencar

Senador Otto Alencar afirmou que governo agiu com "irresponsabilidade criminosa" - Jefferson Rudy/Agência Senado
Senador Otto Alencar afirmou que governo agiu com "irresponsabilidade criminosa" Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Colaboração para o UOL

31/05/2021 10h51

O senador Otto Alencar (PSD-BA), médico e integrante da CPI da Covid, afirmou que o depoimento de Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, mostrou que a prioridade do governo federal e do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello nunca foi vacinar a população.

Em entrevista ao jornal O Globo, o senador afirmou que o presidente Jair Bolsonaro apostou na imunidade do rebanho e que o governo federal agiu com "irresponsabilidade criminosa" ao recomendar medicamentos sem eficácia comprovada para tratamento da covid-19.

"Tudo indica que Bolsonaro jogou com essa possibilidade da imunidade de rebanho, que é uma coisa criminosa. Por isso, ele descartou a vacina no ano passado, ironizou a CoronaVac, criou dificuldades diplomáticas com a China e apostou em medicações que não foram comprovadas, que não tinham nenhum efeito relacionado à doença", disse o parlamentar.

Questionado se já há indícios que liguem o presidente à tese de imunidade do rebanho, o senador confirmou. "Se ele não queria a vacina lá no ano passado, e a vacinação poderia ter começado em dezembro, é porque esperava que houvesse imunidade de rebanho", afirmou.

"Eu tenho a gravação do presidente da República dizendo no final do ano passado que o vírus estava indo embora, porque as pessoas estavam imunizadas. São várias gravações nesse sentido", completou.

Otto Alencar disse ainda que alguns membros do governo "tem muita culpa" pelas quase 500 mil mortes por covid-19 e que, se a legislação for cumprida no Brasil, não poderão ficar impunes. "Alguém tem que pagar por essa falta de uma ação de saúde qualificada, sintonizada com o que prescrevem as orientações médicas e sanitárias", opinou o senador.

O parlamentar também se mostrou a favor da convocação de governadores para a CPI. "Acho que a verificação dos recursos federais, voluntários, que foram repassados para o combate à covid, não podem deixar de ser fiscalizados, apurados, porque me parece que em alguns estados a aplicação foi incorreta", afirmou Alencar.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.